A situação da Santo Antônio Energia, concessionária da UHE Santo Antônio (RO, 3.568 MW) no rio Madeira, é tema de análise na Eletrobras. A estatal vem avaliando os cenários possíveis sobre a chamada de capital para a geradora arcar com o custo de R$ 1,5 bilhão da arbitragem perdida.
“Nós já fizemos a provisão em nosso balanço de R$ 700 milhões referentes à parcela de Furnas, que tem 43% do capital da usina. A Cemig até o momento é a única que apresentou formalmente sua manifestação que não exercerá essa opção. Os demais acionistas têm 30 dias para a decisão para sabermos como ocorrerá esse processo”, disse Limp.
Entre os cenários, disse ele, está a de a empresa assumir as sobras de cotas para o aumento do capital da geradora, apenas a Cemig não exercer essa opção de participar da capitalização ou até mesmo os demais acionistas também não aportarem recursos.
Essa avaliação, comentou Limp, refere-se a questões econômico financeiras e impactos para Furnas e a própria Eletrobras. Inclusive, Limp rechaçou que esse tema impacte o processo de capitalização da empresa e o processo que entidades de empregados entraram junto à SEC (órgão dos Estados Unidos semelhante à CVM) sobre o risco de Santo Antônio no processo de capitalização.
O presidente da Eletrobras não comentou o relatório da E&Y, que faz a auditoria da Cemig e que em suas análises apontou um risco de que a Madeira Energia, controladora da Santo Antônio Energia, pudesse até mesmo ser inviabilizada por conta da sua situação financeira. Ele destacou que há opções antes de que essa conclusão seja realmente confirmada, lembrando que o prazo para a manifestação dos acionistas é 31 de maio.
Caso a estatal opte por segurar o aporte poderá ter que consolidar a dívida de Santo Antônio. E segundo a diretora Financeira e de Relações com Investidores, Elvira Presta, o atual nível de 1x da relação entre a dívida líquida sobre o Ebitda recorrente, é confortável, até porque a empresa passaria a consolidar também essa geração de Ebitda em seu balanço.
A Santo Antônio Energia tem em sua composição acionária, além de Furnas com 43,06%, o Caixa FIP Amazônia Energia com 19,63%, Odebrecht Energia com 18,25%, SAAG Investimentos com 10,53% e Cemig GT com 8,53%. Essas empresas formam a Madeira Energia empresa que controlam a UHE.
Amazonas D
Outro ponto que foi destacado em termos de impactos financeiros no balanço da Eletrobras é a situação da Amazonas Energia. A estatal fez uma provisão na linha do balanço sobre liquidação duvidosa na faixa de R$ 1 bilhão.
Apesar dessa dívida com a Eletrobras, a companhia descartou a possibilidade de voltar a assumir a distribuidora amazonense que vendeu ainda em dezembro de 2018. Na avaliação de Limp, a questão da distribuidora passa pela necessidade de reequilibrar um problema crônico naquela região que são as perdas de energia, uma questão estrutural naquele estado.