Para evitar o avanço dos impactos climáticos e manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 1,5°C , o secretário-geral da ONU, António Guterres, elencou cinco ações críticas que o mundo precisa priorizar imediatamente para acelerar o movimento de transição para as energias renováveis, “o único caminho para a segurança energética real, preços estáveis e oportunidades de emprego sustentáveis”.
Entre os pontos citados está o maior acesso à tecnologia e suprimentos de energia renovável, como armazenamento por meio de baterias, sendo “essencial remover os obstáculos ao compartilhamento de conhecimento e à transferência tecnológica, incluindo as barreiras de direitos de propriedade intelectual”.
O segundo se refere a acessibilidade aos principais componentes e materiais – desde os minerais necessários para produzir aerogeradores e redes elétricas até veículos elétricos. Para isso será necessária uma coordenação internacional significativa visando expandir e diversificar a escala de fabricação à nível mundial, além de mais investimentos na capacitação das pessoas, pesquisa e inovação e incentivos para construir cadeias de suprimentos por meio de práticas sustentáveis.
Outro ponto é a necessidade de nivelação do campo de atuação para as fontes mais ambientalmente amigáveis, com as estruturas de políticas domésticas devendo ser urgentemente reformadas para agilizar e acelerar projetos renováveis e catalisar investimentos do setor privado.
Completam a lista a triplicação dos investimentos privados e públicos nas fontes, em pelo menos US$ 4 trilhões por ano até 2030 para atingir emissões líquidas zero até 2050 – incluindo aportes em tecnologia e infraestrutura – , além do fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, que totalizam cerca de US$ 11 milhões por minuto.
Quatro recordes negativos
A fala vem após a quebra de quatro recordes negativos dos indicadores-chave sobre a relação ação humana com o meio-ambiente: concentrações de gases de efeito estufa, aumento do nível do mar, calor do oceano e acidificação do oceano. As mudanças acontecerão em escala planetária em terra, no oceano e na atmosfera, com ramificações prejudiciais e duradouras, segundo o relatório Situação do Clima Global da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que complementa o relatório da Sexta Avaliação do IPCC.Diferença de temperatura média anual global em relação às condições pré-industriais (1850–1900) para seis conjuntos de dados de temperatura global (1850–2021).
O levantamento confirmou que os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados e que 2021 foi “apenas” um dos sete mais quentes por causa de um evento La Niña no início e no final do ano. O efeito de resfriamento foi temporário, não revertendo a tendência geral de aumento das temperaturas, cuja média global em 2021 ficou em 1,11 (± 0,13) °C acima do nível pré-industrial. “É apenas uma questão de tempo antes de vermos outro ano mais quente já registrado ”, disse o secretário-geral da OMM, Prof. Petteri Taalas.
O estudo da OMM é acompanhado por um mapa histórico e fornece informações e exemplos práticos para os formuladores de políticas sobre como os indicadores descritos nos relatórios do IPCC divulgados globalmente nos últimos anos e como as implicações associadas aos extremos foram sentidas em nível nacional e regional em 2021.
Dezenas de especialistas contribuem para o relatório de Estados-Membros, incluindo Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais (NMHSs) e Centros Globais de Dados e Análise, bem como Centros Regionais de Clima, o Programa Mundial de Pesquisa Climática (WCRP), o Global Atmosphere Watch (GAW) , o Global Cryosphere Watch e os serviços Copernicus Climate Change da UE.