O preço pelo qual o governo negociará as ações da Eletrobras não será conhecido nem pela empresa no dia sua capitalização. Mas isso não é por conta das regras da venda das ações da empresa e sim pela avaliação do mercado, que será o agente responsável pela precificação dos papeis da empresa. Por isso o trabalho de valuation da companhia não faz muito sentido. Essa é a avaliação do diretor da Neal, Edvaldo Santana, que acredita que o valor a ser pago pela elétrica deverá até ser mais elevado do que o atual.
Santana, que é ex-diretor da Aneel, destacou em sua participação que em um processo de venda como esse de ações em bolsa sequer necessita desse trabalho de avaliação de empresa que foi contratado pelo BNDES. O papel da instituição federal, diz ele, deveria ser o de garantir regras transparentes e isonômicas para o processo todo.
“Independente do valuation das ações da Eletrobras quem vai decidir o preço é o mercado, não uma avaliação contratada por banco ou outra coisa parecida”, afirmou o executivo. “As ações não poderão ser muito diferentes do que estão sendo negociados na bolsa no momento da operação de capitalização, pois esses papeis já existem e estão em negociação, aliás esse é um ativo muito negociado, portanto, é o mercado quem define o preço e até acho que pode ser um pouco mais do que temos hoje”, acrescentou.
No dia após a aprovação pelo TCU que deu o aval para a continuidade da operação, as ações ordinárias da empresa (ELET3) abriram o dia no pregão da B3 em alta de 3,26% quando comparado ao fechamento do dia anterior. Bateu a máxima de R$ 44,77, contudo encerraram o dia a R$ 43,81 ainda assim, alta de 2,86% por ação. Já as ações preferenciais (ELET6) seguiram o mesmo padrão de curva e fecharam o dia em alta de 2,07% a R$ 43 por ação.
Santana destacou que as recomendações feitas pelo TCU não deverão representar uma barreira para que a capitalização seja realizada. Ele, inclusive, diz que a operação poderá ocorrer até mesmo antes de meados de agosto, que é a data limite na janela de tempo dos resultados do primeiro trimestre.
Em sua avaliação o mercado apresenta condições favoráveis para a capitalização da empresa. Há liquidez disponível de investidores com apetite para aplicar seus recursos nesse tipo de empresas, mas depende das regras e nesse quesito o trabalho, considera, tem sido bem feito. Um ponto de atenção que ele levanta é a discussão política e jurídica acerca do setor elétrico.
No primeiro ponto, destaque para o PDL 94 na Câmara dos Deputados, que visa suspender reajustes, um tema que pode impactar o valor das ações. O segundo deverá continuar a ser debatido tentando atrapalhar todo o processo.
O diretor da Neal, Edvaldo Santana, foi o entrevistado na edição desta quinta-feira, 19 de maio, do CanalEnergia Live. A íntegra do programa está disponível em nosso canal do You Tube, TV CanalEnergia, onde você encontra todas as outras edições e conteúdos em vídeo produzidos pela Agência CanalEnergia. Se não for nosso seguidor ainda, aproveite, cadastre-se e ative as notificações para ficar sempre atualizado de nossas novidades.