O CEO da Shell, André Araújo, é mais um executivo que gostaria que o Projeto de Lei 414, que traz o novo marco do setor elétrico, fosse aprovado ainda esse ano. De acordo com o executivo, o PL é importante e traz conforto jurídico e segurança. Araújo também se  mostrou favorável ao último texto do PL sobre a abertura de mercado para o consumidor livre. “Isso vai ser uma mola propulsora de desenvolvimento”, afirmou Araujo, que participou do Brazil Offshore Wind Summit 2022, no Rio de Janeiro (RJ).  O PL 414 foi direcionado para uma comissão especial este mês, quando tudo apontava que seria votado. Para o executivo, a aprovação do projeto não interrompe um processo já em andamento, além de facilitar o planejamento das empresas.

Araújo também classificou que o decreto sobre o mercado de carbono, publicado recentemente pelo governo, veio em um momento positivo. Mas ele reconheceu que está atrelado a uma lei já existente. Para ele, as críticas ao decreto são pelo desejo de algo maior nessa área, no caso, uma lei. “Com o movimento do decreto o governo trouxe de volta a discussão do PL que estava parada desde o ano passado. Por si só, já trouxe um mérito muito grande. Ainda segundo Araujo, é sempre bom um marco legal e um dos pontos mais importantes é a discussão da qualidade do carbono. O Brasil estaria em um processo rápido de inserção, com muitas empresas buscando esse mercado. “Temos visto um número muito grande de empresas e setores focados nessa discussão”, conclui.

A Shell, que tem estimativa de investir até R$ 3 bilhões em energia até 2025, inseriu as renováveis no cerne da sua estratégia. A UTE Marlim Azul ( RJ – 600 MW) está em construção e deve entrar em operação em 2023. Com outorgas de usinas solares em andamento, a empresa tem uma possível parceria com a Gerdau para um projeto dessa fonte. A fonte eólica também está no radar da petroleira, com uma equipe exclusiva. Araujo não descarta aquisições de projetos de renováveis, bastando ser a oportunidade adequada.

Embora ainda de olho nas demais renováveis, as eólicas offshore deverão receber uma atenção especial da empresa. Por se encontrar em um momento diferente da eólica convencional e da solar, próximo do estabelecimento do seu marco legal, a prioridade do momento é da nova fonte. “A gente entende que tem a contribuir, ajudar e engajar com experiências fora do Brasil e modelos de leilões”, avisa.

A Shell anunciou este ano o pedido de licenciamento ambiental para um parque offshore. O executivo ainda vê dúvidas e dilemas na fonte, mas que com o tempo serão dirimidos. Uma demora na definição de um novo marco para as eólicas offshore no Brasil podem atrasar a efetivação dos projetos da empresa nessa área.

Araújo pede atenção para essas dúvidas e detalhes que ainda pairam sobre a eólica offshore. Ele alertou sobre pontos com o desenvolvimento da cadeia de fornecedores, a infraestrutura da navegação portuária e serviços de suporte à navegação.