O consumo de energia elétrica apresentou aumento marginal de 0,5% no primeiro trimestre do ano em comparação ao mesmo período de 2021, informa o último boletim da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Se por um lado os comércios registraram alta de 4,9% e as residências de 0,6%, a demanda por eletricidade na indústria caiu 1,5%, configurando o primeiro resultado negativo após seis trimestres.
Na análise regional só o Sul teve elevação no consumo industrial, chegando a 3%, enquanto o Sudeste teve a maior retração, de 3,5%. Entre os estados Alagoas teve a maior taxa, ainda sob influência da retomada das atividades de uma planta de cloro-soda em Maceió. Por sua vez a Paraíba computou a maior queda, de 8,1%, impactada pela contribuição negativa do setor têxtil.
Metade dos dez segmentos avaliados tiveram recuo na demanda energética. Papel e Celulose, com 5,9%, teve a maior expansão entre os eletrointensivos, seguido por produtos alimentícios e fabricação de químicos. Já os ramos automotivos e produtos têxteis lideram o desempenho negativo, com 9% e 8,9%.
No contexto econômico os principais destaques em relação ao ano anterior aconteceram pela demanda das exportações e o consumo das famílias, que cresceram 8,1% e 2,2% influenciados positivamente pela retomada dos serviços presenciais e a formação bruta de capital fixo, que caiu 7,2%, por conta de quedas na produção e importação de bens de capital. Já pela ótica da oferta, ressalta-se o desempenho positivo do setor de serviços, enquanto a indústria e a agropecuária apresentaram quedas.
Nesse mesmo período, o consumo residencial ficou abaixo da média de crescimento de 2021. Segundo a publicação, tal comportamento parece estar relacionado com questões de temperatura. O clima mais quente nas regiões Sul, Norte e Centro-Oeste impactaram positivamente o consumo no trimestre, porém o incremento foi arrefecido pelo clima mais ameno nas regiões Nordeste e Sudeste. Entre as regiões, baixas somente de 0,6% no NE e 2,2% no SE, com o Sul subindo 7,4%.
Na indústria a baixa foi puxada pelas quedas de 4,7% na transformação e 2,4% no segmento de extração, enquanto construção apresentou acréscimo de 9%. Os dados mensais (PIM-PF/IBGE) apontam que a produção física industrial registrou queda em todos os meses entre janeiro e março, acumulando redução de 4,5% no trimestre. Ainda assim, a intensidade da retração tem sido cada vez menor.
As principais contribuições negativas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias, para depois produtos de borracha e material plástico, produtos de metal e máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Outros segmentos com peso relevante no consumo também tiveram recuo, como produtos de minerais não metálicos, metalurgia têxtil, celulose, papel e produtos de papel, outros produtos químicos e têxtil, esse com a maior queda, de 21,4%.
Já a classe comercial teve a quarta taxa positiva consecutiva e elevou o consumo em todas regiões. Em termos de atividade, o valor adicionado de serviços também cresceu, com destaque para os segmentos de outras atividades de serviços, transporte, armazenagem e correios, de informação e comunicação. Por outro lado, a atividade apresentou queda de 1,5% nesse tipo de comparação.
Apesar disso, os dados mensais do volume de vendas no comércio varejista (PMC/IBGE) apontam 1,3% positivos no primeiro trimestre, com a queda registrada no mês de janeiro tendo sido mais do que compensada pela expansão de fevereiro e março.