Com aporte superior a R$ 300 milhões, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) colaborou com a economia de aproximadamente 22,73 bilhões de kWh ao longo de 2021, o equivalente a 4,54% do consumo total no Sistema Interligado Nacional (SIN). As informações constam no Relatório de Resultados 2022 – ano-base 2021, apresentado nessa segunda-feira, 20 de junho.
O montante de energia poupado por meio de ações em diversas vertentes como indústria, iluminação pública, edificações e projetos estruturantes seria suficiente para atender 11,49 milhões de residências durante um ano. Além disso, as iniciativas contribuíram com uma redução de demanda na ponta de 7.508 MW. Já o custo anual evitado atingiu cerca de R$ 4,2 milhões.
O gerente do Procel, Marcel da Costa Siqueira, destacou os resultados em meio ao cenário de crise hídrica e incerteza energética, ressaltando a diversidade de ações do programa entre mais de 150 projetos simultâneos. “Outro ponto importante é o efeito multiplicador do programa que os números não mostram, já que as metodologias e os profissionais capacitados servem ao mercado em geral, independentemente dos investimentos diretos”, comentou.
Destaques na inovação
No contexto de projetos inovadores vale citar o Programa Lab Procel. Em 30 meses de atividades, com foco em startups e micro e pequenas empresas, a iniciativa foi executada por meio de um convênio entre a Eletrobras e a Firjan/Senai, o qual disponibilizou R$ 16,6 milhões para a aceleração e pré-aceleração tecnológica de soluções. Foram selecionados 14 projetos nas áreas de saneamento, abastecimento de água e esgoto, edificações, setor público, indústria, além da plataforma integrada digital para o Selo Procel.
Outro destaque é o desenvolvimento do Centro de Excelência em Eficiência Energética na Indústria. Pioneiro na América Latina, é um desdobramento das atividades do Programa Aliança, parceria do Procel com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e entidades do setor. A ideia é levar ações de eficiência para indústrias energointensivas. No primeiro ciclo foram 12 plantas industriais e 175 bilhões de kWh economizados.
Ao analisar os resultados alcançados, o Procel entendeu que a continuidade do Programa Aliança deveria ser acompanhada por um planejamento estratégico com o desenvolvimento de um centro de excelência, cuja função é distribuir regionalmente as instituições de ensino e pesquisa de forma a ampliar o poder de atuação do projeto.
Smart Selo e pesquisa sobre hábitos de consumo no radar
Os aportes empenhados no ano passado somam R$ 306,6 milhões e serão direcionados para o desenvolvimento de novos projetos nos próximos anos. Desde a sua fundação, em 1985, o Procel já investiu R$ 3,89 bilhões em eficiência energética, chegando a 217,9 bilhões de kWh economizados. São recursos próprios da Eletrobras, da Reserva Global de Reversão (RGR), de outros investimentos de fundos internacionais e desde 2016 com recursos da Lei no 13.280/2016.
Setor siderúrgico é um dos que mais contribuíram no Programa Aliança, que acontece desde 2017 (Aço Brasil)
Uma das maiores expectativas do Programa para o futuro recai no Smart Selo, trabalho que prevê o estabelecimento de aplicações e funcionalidades em uma plataforma blockchain para suporte ao processo de certificação de eficiência e reposicionamento tecnológico do selo da instituição. O objetivo é diminuir a burocracia dos processos, facilitar o gerenciamento dos dados, reduzir o custo transacional e aumentar a confiabilidade, transparência e auditabilidade dos processos. Além disso, uma vez adaptada à plataforma, novas funcionalidades podem ser criadas, como a avaliação de equipamentos e edificações em uso ou acompanhamento do ciclo de vida dos equipamentos.
Também integrante da mesma carteira está a pesquisa de Posses e Hábitos de Uso de Equipamentos Elétricos na Classe Comercial e de Serviços (PPH Comercial), sendo a primeira da entidade dedicada a identificar os hábitos de consumo energético nos referidos segmentos. O intuito é ter mais subsídios para o planejamento de políticas públicas que promovam a eficientização.
Até então foram 4 PPHs residenciais executadas e agora é a vez da primeira para o setor comercial e de serviços. Serão seis ramos de atividades que contemplarão as áreas de saúde, ensino, hotelaria, alimentícia e varejo. As definições estão em linha com outro projeto, finalizado em 2021, em que foram elaborados benchmarks da demanda em 15 tipologias edílicas comerciais e de serviços.
Com previsão de ser concluída no segundo semestre de 2023, a pesquisa sobre dados ainda desconhecidos será realizada de forma presencial em todas as 27 capitais estaduais do Brasil. A amostra será probabilística e estratificada pelos ramos de atividade, distribuição, por cada região geográfica e pelo total da amostra nacional.
No segmento de edificações, chama a atenção o projeto Esplanada Solar, com a instalação de UFVs nos edifícios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Serão investidos R$ 31 milhões na implementação dos painéis, com os ministérios beneficiados se comprometendo a implementar medidas de eficiência energética de baixo e médio custos além de um Sistema de Gestão de Energia.