Os três primeiros lotes negociados no leilão de transmissão dessa quinta-feira, 30 de junho, somam 9 GW de capacidade de escoamento de geração solar fotovoltaica no Norte de Minas Gerais. Segundo avaliação do diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Helvio Guerra, que é o relator do leilão, todos esses projetos trazem um fôlego para a agência na questão das outorgas dos geradores solares que estão atrás de garantir a autorização da autarquia e assegurar o desconto fio.

Segundo a agência reguladora, o leilão de margem de escoamento ainda não tem data para ocorrer e esses projetos licitados hoje ajudam a desafogar a necessidade de linhas específicas para os novos projetos da chamada ‘corrida do ouro”.

Segundo o diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética, Erik Rego, esse certame de hoje inclusive, tem relação com a expansão dos próximos anos no setor de transmissão e os próximos dois linhões de corrente contínua, previstos para um futuro nem tão distante assim. Somente esses dois projetos poderão ser origem de R$ 25 bilhões em investimentos, somados.

O primeiro linhão deverá ligar Graça Aranha, no Maranhão, até Silvânia, em Goiás, com cerca de 1 mil quilômetros de extensão. O estudo do segundo e mais extenso bipolo ainda está em desenvolvimento mas deverá sair do Rio Grande do Norte ou Ceará e conectar a geração naquela região e entregá-la em algum estado do Sudeste ou até mesmo no Paraná, na região Sul.

Sobre os projetos licitados na B3 e localizados em Minas Gerais, que somam cerca de R$ 12 bilhões em investimentos estimados, avaliou que permitem o escoamento da energia e são mais que isso, a porta de entrada para a expansão planejada no Nordeste. “Com todas as obras que estão sendo entregues pela EPE que fazem parte do trâmite até chegar ao leilão, são 32 GW de capacidade de escoamento ou quatro vezes mais o que tínhamos no ano passado quando no critério N-1 escoamos 7,5 GW. E isso deverá ficar pronto até 2028, mas ainda é uma previsão. Somando os investimentos, com os dois bipolos em corrente contínua, serão cerca de R$ 50 bilhões”, comentou o executivo em coletiva pós leilão.

Segundo o diretor da EPE, a tecnologia nem o local do segundo bipolo foram definidos. Ele acrescentou que São Paulo já está com um verdadeiro congestionamento de linhas, então os estudos ainda estão em desenvolvimento. Por enquanto ainda não se pode afirmar quando serão colocados em disputa, mas citou que já há consultas de investidores internacionais sobre esses projetos futuros.

Segundo cálculos da EPE, apesar dos investimentos que levarão ao aumento do pagamento da transmissão, a avaliação é de que mesmo com esses ativos a modicidade é alcançada uma vez que a tarifa deverá ficar em uma faixa de R$ 10 a R$ 15 por MWh com essas linhas. Somando o custo da geração renovável que será escoada mais o custo da transmissão, não há fonte no Sudeste que seja mais barata que essa soma. “Esses ativos viabilizam a energia mais barata e ampliam a segurança do sistema”, acrescentou ele.

Para o coordenador geral de Planejamento da Transmissão do Ministério de Minas e Energia, Guilherme Zanetti Rosa, ainda não é possível estimar quando e nem quantos projetos serão colocados em leilões no ano que vem. Mas, mesmo assim ele comentou que 2023 será um ano bem interessante e de destaque nesse campo.