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A flexibilização nos limites de intercâmbio entre os submercados do país durante a crise hídrica resultou em uma economia de R$ 11 bilhões. Esse valor foi divulgado pelo Operador do Sistema Elétrico, mensurado no projeto Valor Agregado. Essa foi uma das medidas tomadas para o combate à escassez de chuvas ao longo de 2021 nos principais reservatórios, notadamente nos localizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que representam em torno de 70% da capacidade de armazenamento de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A exportação de energia das regiões Norte/Nordeste para as regiões Sudeste e Centro-Oeste aumentou de 1.000 a 3.000 MW ao longo dos meses em que foi praticada, possibilitando uma preservação de 3% da energia armazenada (EAR) do subsistema com maior capacidade de estocar água. Segundo o ONS, o benefício alcançado foi equivalente a uma geração média de 1.460 MW, entre agosto e novembro de 2021. Considerando que, para preservar os reservatórios, foi necessário o despacho de usinas termelétricas com custos da ordem de R$ 2.500/MWh, chegou à estimativa de economia.
“A adoção da flexibilização nos limites de intercâmbios foi fundamental para permitir que os excedentes energéticos das regiões Norte/Nordeste, originados principalmente de fontes eólicas e fotovoltaicas, fossem exportados para outros subsistemas com o objetivo de assegurar níveis mínimos nos reservatórios mais impactados pela escassez hídrica”, apontou o ONS.
Para a adoção dessas medidas, explicou o órgão, houve a necessidade de um conjunto de avaliações e estudos prévios, assim como medidas de monitoramento constantes. Uma operação excepcional, efetuada com toda a segurança e excelência, permitiu usar de forma plena os excedentes energéticos dos dos dois submercados citados e transferi-los para o Sudeste, Centro-Oeste e Sul, principais centros de carga do país. A conclusão foi a possibilidade de alterar os limites de exportação de energia dessas regiões, considerando a flexibilização do critério N-2, condicionada a regras bem definidas para retornar a operação aos padrões originais caso algum risco de perda simultânea se configurasse, como vendavais, queimadas próximas às linhas de transmissão ou a indisponibilidade de equipamentos. A medida ocorreu entre os meses de julho e novembro de 2021.
Além desta, outras medidas excepcionais também foram implementadas no período da crise hídrica. Entre elas citou o despacho de usinas térmicas fora da ordem de mérito e a importação de energia da Argentina e do Uruguai. Ao longo de todo o ano de 2021, o ONS, outras instituições do setor e agentes, mobilizaram 35 linhas de ação de enfrentamento à crise para garantir o abastecimento energético.
Das demais ações, as que tiveram maior envolvimento do operador foram a flexibilização de restrições hídricas em alguns dos principais reservatórios do SIN, implantação ou revisão de Sistemas Especiais de Proteções em áreas críticas para promover uma maior possibilidade de escoamento de energia, negociação com os agentes para alocarem suas manutenções preventivas em períodos mais favoráveis, interações para garantir o suprimento de combustível para térmicas, e ainda, negociações para buscar a viabilização de antecipação da conclusão de obras.
Vale lembrar que os estudos de planejamento da operação elétrica têm como base o critério de suportar a perda simples de um elemento da rede sem corte de carga, denominado critério “N-1”, consolidado nos Procedimentos de Rede, que regem as atividades do ONS. Adicionalmente, também faz parte dos critérios oficiais de segurança da operação, suportar as perdas simultâneas de circuitos de transmissão que compartilhem estruturas ou a mesma faixa de passagem, o que se denomina critério “N-2”. O que o ONS propôs e praticou, após autorização do CMSE, foi justamente a flexibilização do critério “N-2” nas linhas que impactam a exportação da região Nordeste.