fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
A invasão da Ucrânia pela Rússia tem despertado diversas consequências em todo o mundo. Duas delas estão relacionadas ao setor elétrico de forma direta, a dependência europeia do gás russo pelo lado negativo e pelo lado positivo – no Brasil – inovações relacionadas ao hidrogênio e seu uso na agricultura. Ambos os temas foram alvo de análise na edição de junho do Energy Report, da PSR.
Pelo lado da crise energética a avaliação é de que o mercado está apertado e não há muitas alternativas para sair dessa situação. “No cenário que se desenha, os países correm para garantir seu suprimento, porém um racionamento de gás e eletricidade parece próximo. Um aumento na oferta de GNL é distante, as importações via gasoduto – exceto as russas – beiram suas capacidades máximas, a recuperação da demanda asiática pode pressionar ainda mais os preços e não há substitutos para as importações de gás da Rússia”, aponta a consultoria.
O período que mais preocupa é o próximo inverno, onde o consumo de gás aumenta. E desde a invasão da Ucrânia estão sendo aplicadas sanções tendo como retaliação cortes de fornecimento de gás natural.
Mas fatores como uma explosão no terminal Freeport LNG nos Estados Unidos e a redução de fluxos de gás da Gazprom para a Alemanha no mês de junho acenderam um alerta que teve como mais sensível consequência o aumento nos preços do gás em cerca de 50% em questão de dias. Além disso, os preços futuros de energia elétrica para o primeiro trimestre de 2023 estão em nível recorde, aponta a PSR.
Segundo o cenário que se vislumbra, as estimativas são de que a Europa inicie o inverno, que engloba o período de outubro a março do ano seguinte com um armazenamento inicial de GN de 60% com 68 bilhões de metros cúbicos. E destaca que se a demanda do inverno ser semelhante ao mesmo período de 2021, esse consumo deve se aproximar de 310 bm³.
O GNL pode ser uma saída no longo prazo apenas, apenas em 2026 a 2028 que estima-se ampliação significativa da oferta com projetos no Qatar e nos Estados Unidos.
Assim, destacou a PSR em sua publicação mensal, as respostas dos países têm sido diversa, mas que chegam até uma reativação de usinas a carvão, como sendo uma das poucas opções disponíveis atualmente. Com isso, aponta casos de intervenções para reduzir o preço da energia elétrica em países como Portugal e Espanha, reformas do setor como no Reino Unido ou a concessão de subsídios, caso citado na França. Além disso, lembra a PSR, há iniciativas de protecionismo de mercados locais – novamente no Reino Unido – e a Austrália e suas exportações de carvão serem reduzidas para atendimento local.
Copo meio cheio
Apesar das perspectivas nada auspiciosas que a crise energética na Europa indica por conta das sanções contra a Rússia. Esse mesmo conflito pode ser um incentivador por aqui por conta da relação entre a energia elétrica e a produção de alimentos, mais notadamente o nitrogênio que é um item fundamental para a produção agrícola por ser a matéria prima dos fertilizantes atuais.
A guerra tem levado a escassez de grãos no mundo. Além da crise de alimentos por conta das notícias sobre os bloqueios em portos ucranianos, a Rússia é um dos principais produtores de fertilizantes nitrogenados e um dos maiores fornecedores desse produto para o Brasil, isso por conta do uso do gás como matéria prima.
Mas uma pesquisa tem mostrado que substituir fotossíntese orgânica, que se utiliza de nitrogênio como acelerador nos fertilizantes, por uma produção de molécula que pudesse ser usada diretamente como o ‘combustível’ para a fotossíntese faria com que as plantas crescessem 18 vezes mais rápido. Esse resultado, citou a PSR, foi publicado na revista Nature em um artigo.
A relação com a energia elétrica ocorre pelo fato que essa molécula aceleradora é o acetate, um componente do vinagre e produzido pelo mesmo processo de eletrólise, usado para o hidrogênio verde.
Por isso, destacou a consultoria “A PSR acredita que a competitividade da produção de H2 Verde no Brasil pode ser alavancada pela produção de fertilizantes nitrogenados via amônia. Além do benefício da descarbonização, isso traria segurança (resiliência) para o agronegócio, pois a dependência de importação seria substancialmente reduzida”.