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A mineira CMU Comercializadora não nega suas origens. Sem fazer muito alarde, como é típico do comportamento dos naturais daquele estado – segundo o ditado popular – avançou rumo à geração distribuída e autoprodução e em pouco mais de uma ano já contabiliza um aumento na ordem de 10 vezes o número de clientes atendidos. Segundo a empresa, passou de 5 mil em novembro de 2021 para 50 mil.
Apesar desse salto, a empresa tem projeções mais ambiciosas. Com o avanço de novos projetos solares em construção no estado de Minas Gerais, calcula alcançar 200 mil clientes até o final do ano. A maior parte dentro do estado de origem, onde a Cemig tem cerca de 8,7 milhões de consumidores atendidos em ambas as modalidades.
O presidente da CMU, Walter Froes, afirma que hoje a empresa continua com suas atividades como a gestão de clientes e o trade de energia. Contudo, o foco atualmente está na autoprodução, um segmento que tem se mostrado bastante atrativo para os consumidores por fornecer uma energia mais barata do que se encontra mesmo no mercado livre.
“Estamos entregando a energia de usina arrendada via autoprodução a R$ 210 por MWh se descontarmos todos encargos que não se paga seria o mesmo que ter uma energia por menos de R$ 100/MWh. É um produto que vende como banana em fim de feira, é barato e tem muita demanda”, compara ele.
Froes, figura conhecida do setor elétrico, que fundou a empresa ainda em 2003, conta que essa nova incursão da companhia começou depois de um contato com a Solatio. A empresa viu na parceria com os espanhóis uma oportunidade de expansão interessante no campo solar. O executivo conta que um dos primeiros encontros com a desenvolvedora ocorreu em fevereiro de 2018. Hoje já há negócios de grande porte como o feito com a Liasa, produtora de silício metálico, que envolve uma planta solar de 640 MWp de potência instalada, R$ 1,8 bilhão em investimentos para a entrega de 130 MW médios à indústria.
Além disso, cita que o avanço vem ocorrendo também junto a pequenos consumidores. Entre os benefícios que existem está a redução no custo da energia na faixa de 15% a 17%, a questão do ICMS, bem como a isenção de encargos como CDE, energia de reserva, Proinfa leva essa opção da autoprodução a ser uma importante alternativa ante o mercado livre.
No modelo de negócios a CMU faz todo o investimento e arrenda o projeto a um consumidor. Atualmente o grande volume tem sido para os consumidores comerciais como shopping center, hospitais e supermercados. A perspectiva é de arrendar 70 novas usinas solares a serem entregues até fim de 2022, elevando para 150 unidades com um total de 150MW de potência instalada.
De acordo com o relato de Froes, a empresa vem registrando um grande número de migrações. Em seus cálculos são de 5 a 10 consumidores livres novos todos os meses. Reflexo do atual patamar de preços da energia e suas perspectivas para os próximos anos. “Ano passado tivemos encargo mais alto que o próprio PLD no auge da crise hídrica”, lembrou. Então, com isso a autoprodução tem sido uma alternativa interessante para a empresa.
Outro campo de atuação forte está na geração distribuída. Com expansão da modalidade residencial e para pequenos negócios, esse segmento vai representar 60% do faturamento da CMU até 2023.
O otimismo nesse segmento toma como base o estabelecimento do marco regulatório com a Lei no. 14.300/2022 que trouxe segurança jurídica. E ainda a possibilidade de a fonte solar estar com a carga está bem como a redução de custos nos últimos 14 anos que foi de 93%.