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A busca pela redução das emissões de gases de efeito estufa tem acelerado a busca pela agenda ESG. Um estudo feito pela McKinsey & Company aponta para a criação de novos mercados que são estimados em US$ 10 trilhões nos próximos 30 anos. Esse valor está dividido entre várias indústria e pode aumentar entre duas a cinco vezes a criação de valor de mercado das empresas que adotam essas práticas.
Esses dados foram apresentados pelo sócio da consultoria, João Guillaumon, durante Fórum Net Zero promovido pela Honeywell e Amcham-SP. Essa verdadeira virada de chave no mundo corporativo vem do fato que a perspectiva é de que o chamado ‘orçamento global de CO2’, ou seja a quantidade total de carbono emitido para manter a temperatura em até 1,5 grau Celsius, estimada pelo IPCC, seja exaurida nos próximos oito anos. Conforme os cálculos da empresa, no ritmo de emissões atualmente visto a elevação da temperatura média até 2050 pode alcançar 2,4 graus em 2100.
Esse volume orçado é de 510 bilhões de toneladas de CO2 para que o cenário limite estimado pelo IPCC possa ser alcançado. Com os dados atuais, teremos 3x mais o limite de temperatura. Segundo a consultoria, o maior esforço imaginável ainda é possível, mas excederia em 20% as emissões levando a um aumento de 1,7 grau Celsius.
“O ESG deixou de ser opcional, não pode ser mais ignorado pela sociedade. Empresas com um foco em sustentabilidade tem uma criação de valor de mercado diferenciada, de duas a cinco vezes a mais. Nossa estimativa é de que de 30% a 50% do lucro das empresa estão em jogo por fatores exógenos como a precificação do carbono. E mais, há uma mudança na expectativa dos clientes que aceitam pagar mais por produtos que são produzidos de forma sustentável e isso tanto pessoa jurídica quanto a física”, disse o executivo.
E entre as regiões em que há as maiores potenciais de descarbonização a América Latina conta com 30%, sendo metade aqui no Brasil. Por país esse é um dos maiores potenciais mapeados ao lado da Indonésia. Acontece que a facilidade de implementação por aqui é classificada como de média enquanto no país oriental é baixa.
“As empresas que não são percebidas no esforço de descarbonização têm inclusive, encontrado dificuldades em financiar as suas operações”, acrescentou.
Entre os pontos que estão sendo colocadas na ordem do dia para a descarbonização está a captura de carbono na indústria. O setor elétrico é bastante renovável no Brasil, mas ainda há um caminho no segmento energético. E o mercado de carbono é uma alternativa importante para esses projetos. Segundo a especialista em Tecnologias Sustentáveis da South Pole, Elisa Jaray, a geração renovável é um dos caminhos para esse mercado, assim como o reflorestamento, ou ainda a eficiência energética, entre outros modelos de negócios.
A executiva destacou que os projetos podem ter características de evitar a emissão, onde os projetos de energia estão classificados. Outra frente é de retirada das emissões da atmosfera, onde está localizado esse CCUS, ou captura do CO2.
Nesse sentido, destacou a gerente de Mercado de Carbono da Petrobras, Izabel Ramos, a petroleira possui estudos para aumentar ainda mais o projeto de captura de carbono que a empresa vem desenvolvendo no pré-sal. Ainda em 2008, contou ela, a companhia descobriu que cerca de metade dos hidrocarbonetos do reservatório é composto de CO2. A reinjeção desse gás nos reservatórios ajudaram a aumentar a produção de petróleo e ao mesmo tempo não emitir esse gás na atmosfera.
A executiva destacou que em 2021 a Petrobras registrou a injeção de 8,7 milhões de toneladas de CO2 em seus reservatórios. Cerca de 20% do que foi feito em todo o mundo em termos de CCUS. E afirmou que a empresa vem estudando novas formas para tornar-se um hub de captura de carbono, inclusive com a busca de outras fontes de emissão desses gases para a injeção em seus poços, aumentando assim como consequência a produção de petróleo.
Apesar disso, lembra que para alcançar a meta de descarbonização é necessário que as tecnologias diversas andem concomitantemente. “Não é apenas o CCUS, a eletrificação e o hidrogênio que resolverão o problema”, finalizou.