Em sua segunda rodada de captação de recursos, a Carbonext, que desenvolve projetos de geração créditos de carbono, anunciou um novo aporte de R$ 200 milhões da Shell Brasil, que passa a ser sócia minoritária da companhia. O recurso será utilizado para investimento em tecnologia embarcada nos projetos de preservação florestal e para o desenvolvimento de novas áreas de negócios, como bioeconomia e reflorestamento na Floresta Amazônica.

Toda gestão da Carbonext, que já atua no segmento REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) há 12 anos, permanecerá a cargo de seus sócios-fundadores. A engenheira florestal Janaína Dallan integra o quarteto brasileiro de especialistas da ONU para Mudanças Climáticas, além de presidir a Aliança Brasil de Soluções Baseadas na Natureza e ser a única brasileira a integrar o painel de experts para o Integrity Council for Voluntary Carbon Markets (IC-VCM). O outro sócio é o economista Luciano Corrêa da Fonseca, mestre em Ciências Políticas e ex-diretor do Pátria Investimentos.

A empresa usará os recursos para expandir sua atuação em novos segmentos da bioeconomia e ampliar seu time de especialistas florestais capazes de criar e gerenciar projetos de geração de créditos de carbono, cujo objetivo é trazer valor à floresta em pé – uma alternativa economicamente viável à pecuária e à agricultura.

Cerca de 70% do valor arrecadado ficam na floresta, com os proprietários da área protegida e com as comunidades assistidas pelas ações socioeconômicas para promoção do desenvolvimento sustentável a ser conduzido. Também são clientes da Carbonext a Raízen, Isa Cteep, TIM, C6 Bank, Uber, Liberty Seguros, Buser, entre outras corporações.

Dois milhões de hectares protegidos

Desde 2021 o compromisso com a preservação da floresta fez com que a companhia aumentasse em 340% a área de vegetação preservada na região mais vulnerável, o Arco do Desmatamento, um corredor que vai do Acre ao sul do Pará, passando por Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.

Nos primeiros cinco meses de 2022 os projetos geraram aproximadamente R$ 150 milhões em créditos no mercado voluntário de carbono, comercializando com empresas e entidades como o BNDES, por exemplo. Segundo a desenvolvedora, esse foi o maior volume de créditos de carbono florestais do país, contando com certificação e auditoria de organismos internacionais como a Verra.

A parceria com a Shell possibilitará ainda o acesso a inovações e processos a serem disponibilizados pela nova sócia, inclusive nas áreas de biotecnologia e monitoramento. Essas sinergias devem incrementar os mecanismos de proteção dos mais de 2 milhões de hectares de floresta amazônica já protegidos por projetos de crédito de carbono executados ou em curso pela Carbonext e seus parceiros.

O acordo estabelece uma série de ações conjuntas nos próximos 100 dias para que a parceria técnica comece a apresentar resultados. Para a Shell o acordo demonstra a relevância do Brasil na jornada da petroleira rumo ao objetivo de zerar suas emissões líquidas até 2050, sendo um passo importante para a meta de compensar 120 milhões de toneladas de CO₂ ao ano até 2030. O aporte também marca a entrada da multinacional no negócio de Soluções Baseadas na Natureza no país.