A Moody’s afirmou o rating corporativo Eletrobras em Ba2, assim como a avaliação de crédito básica A perspectiva permanece estável. A ação de rating foi impulsionada por fatores de governança. De acordo com a agência, a afirmação dos ratings reflete a conclusão do processo de privatização em linha com a expectativa.
Os recursos da oferta de ações não foram retidos na empresa, não reduzindo a alavancagem. No entanto, a expectativa é que o perfil de crédito da Eletrobras se beneficie gradualmente da privatização impulsionada pela transformação de cerca de 40% dos negócios de geração a preços de mercado combinados com uma exposição reduzida ao projeto de energia nuclear da usina de Angra 3. O cenário de ratings também incorpora a consolidação da Madeira Energia por meio da subsidiária Furnas.
Ainda de acordo com a Moody’s, a privatização provavelmente vai melhorar a governança corporativa da Eletrobras, devido ao controle distribuído com exposição reduzida à interferência política nas decisões da administração e investimentos futuros, já que os poderes de voto dos acionistas são limitados a 10% para garantir o status de corporação. Embora o Governo do Brasil não tenha mais maioria direta de votos e menos influência nas decisões, a Moody’s considera que a Eletrobras continua sendo um Emissor Relacionado ao Governo com forte vínculos de crédito com o soberano, principalmente porque detêm a maior participação acionária na empresa, de 42,7%, bem como as garantias de dívida direta e financiamentos existentes por bancos públicos, representando respectivamente 10% e 20% do total passivos. A posição dominante da concessionária no setor elétrico continua a apoiar a probabilidade de ajuda financeira em caso de necessidade.
Por outro lado, as métricas de alavancagem da Eletrobras serão limitadas pelo recente aumento da participação de Furnas no capital social da MESA, de 43% para 72,4%, o que resultou em maior exposição da empresa à UHE Santo Antonio. O perfil de crédito da ex-estatal continua pressionado pela geração negativa de fluxo de caixa livre decorrente do grande plano de gastos de capital, atualmente orçado em R$ 39 bilhões de 2022 a 2026, e os riscos de execução associados à conclusão da usina nuclear de Angra III.