Com atuação no fornecimento de equipamentos tanto para geração centralizada quanto distribuída de energia solar, a Weg entende que esses negócios devem seguir crescendo mesmo com as questões macroeconômicas de inflação e câmbio impactando nos preços das placas e commodities.

Para o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, André Salgueiro, a combinação de uma boa radiação e custo de energia relativamente alto no país trazem muito sentido para a fonte independentemente desse cenário mundial, com a questão recaindo numa velocidade maior ou menor de desenvolvimento de mercado.

“Com a mudança regulatória ano que vem o impacto tende a ser maior na geração remota das miniusinas, mas os demais segmentos dentro da GD, como autoconsumo e varejo, deve seguir crescendo no médio prazo”, disse o executivo nessa quinta-feira, 21 de julho, durante a teleconferência de apresentação dos resultados financeiros da empresa.

Salgueiro destacou que a parcela de GD responde pela grande maioria dos pedidos, cerca de 90%, mas a geração centralizada vem aumentando seu percentual para quase 10%, vide projetos recentes como Sol do Cerrado (766 MW), da Vale em Minas Gerais, que a companhia fornece eletrocentros com inversores solares centrais, responsáveis por transformar a energia gerada nos módulos para distribuição e consumo.

“Dentro da GD participamos mais de projetos trifásicos, de miniusinas e outros maiores, com os clientes percebendo o valor da engenharia da Weg”, complementa, citando a atuação para residências e pequenos comércios como uma fatia muito menor.

Aerogeradores

Já na geração eólica os projetos estão rodando a uma margem de rentabilidade menor do que a normal por conta do aumento expressivo da estrutura de custos. O dirigente explicou que a companhia tomou a estratégia de aumentar níveis de estoques para continuar com as entregas, destacando que nenhum cliente teve problema nos últimos anos e que o aumento de capital de giro está concentrado nesse backlog.

“Tendo esse catch-up em tese melhora um pouco, mas a eólica roda com essa margem menor do que a média e os outros negócios crescendo podem fazer termos uma melhora também nesse índice”, avalia André Salgueiro.

Entre as próximas entregas no segmento ele destacou a Aliança Energia, num contrato anunciado em 2019, e outro com a Eletrosul, lembrando que na medida em que o tempo foi passando e os novos contratos foram assinados a empresa foi reajustando os preços conforme a mudança em sua estrutura de capital. “Temos a carteira entrando em 2023 praticamente o ano todo e já em 2024. Podemos ver essa normalização, mas não terá um grande salto, sendo gradual ao longo do tempo”, indica.

Ademais ele salientou que a multinacional catarinense segue com sua capacidade produtiva de oito turbinas por mês, sem perspectiva de aumento em até dois anos, a não ser que haja novas demandas no mercado que possam fazer a empresa reavaliar a questão.

A propósito, a fabricante anunciou nesse ano o primeiro aerogerador de 7 MW com foco de exploração primeiro no Brasil para depois outros mercados como a Índia e a América. O diretor Administrativo Financeiro da empresa, André Rodrigues, destacou como primeiro ponto que o preço será maior pela potência, mas o valor relativo por MW trará ganhos de margem e rentabilidade do que está sendo praticado atualmente no mercado.

“O produto tem uma configuração modular e componentes separados que facilita o transporte e no futuro poderemos buscar novos mercados como os Estados Unidos”, acrescenta.

Estrutura de capital

Questionado sobre em quanto tempo a empresa deve ver os impactos de custos refletindo na margem dos resultados, o diretor de Finanças e RI ressaltou que algumas matérias-primas, como o cobre possuem mecanismos de hedge de compra para não ter o impacto da flutuação tão significativa do preço spot.

“É difícil dar um timing exato, mas considerando os estoques que temos e as estruturas de proteção deve ser algo em torno de 6 meses para ver essa transição nos custos das matérias-primas impactando nos resultados financeiros”, comentou André Salgueiro.

O executivo também informou que o plano de investimentos anunciado de R$ 1,5 bilhão para esse ano deve reduzir para R$ 1,2 bilhão, sendo 55% para o Brasil e o restando as operações no exterior. A cadeia de fornecimento de eletroeletrônicos industriais seguem iguais mesmo com a crise energética na Europa, com a carteira saudável sobretudo para gás, mineração e celulose.

O segmento GTD também segue robusto, tendo entregas programadas para 2023 e início de 2024, especialmente para atender os mercados da América do Norte e Central, e tendo crescido na África do Sul, Colômbia e com as turbinas a vapor na Europa.