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Fruto de um projeto de três estudantes da Universidade Federal de Pernambuco em 2018, a Loomi virou um negócio real após a definição dos primeiros clientes ainda no tempo de empresa júnior. A concepção aconteceu através do desenvolvimento de soluções digitais para algumas dores de empresas, como a falta de dados confiáveis para tomadas de decisão. Atualmente a startup busca dobrar seu faturamento para R$ 10 milhões, mirando a aceleração de novos negócios, clientes e atuação no mercado internacional.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, um dos fundadores e hoje CEO da startup aos 23 anos, Gabriel Albuquerque, contou que a Loomi começou de fato sua operação mais robusta e complexa em janeiro de 2020 com cinco integrantes, a partir dos primeiros interessados. Foi quando passou a atender ao conceito de uma jornada de inovação completa: criação, desenvolvimento, entrega e acompanhamento pós-venda.
“Conseguimos construir nessa época grandes cases com empresas como a Neoenergia e recebemos um feedback positivo do valor entregue. Com o bom resultado, tivemos indicações para Riachuelo, Ipiranga e depois Sul América e BASF”, comentou Albuquerque, que classifica a startup como uma aceleradora que ajuda outras representações a adentrarem no meio digital, contando atualmente com 52 colaboradores e oito sócios.
O sócio-fundador destacou que no começo da jornada o foco foi crescer em fundamentos sólidos, sendo preciso abdicar de receita para conseguir construir a estrutura do negócio. Todos os sócios tinham outras propostas de trabalho na mesa, em salários que somavam aproximadamente R$ 200 mil na época.
“Queimamos recursos, passamos três meses sem ter nenhum retorno e tivemos a integração de mais três sócios, o que ajudou bastante na expansão”, lembra Albuquerque.
Dados confiáveis
Para a Neoenergia foram produzidas três soluções após a identificação de processos muito manuais e descentralização de informações. O LOGO é um sistema de gestão de obras, do planejamento à execução, operando desde 2020. Já SOFIA monitora recursos eólicos e solares desde 2021. E mais recentemente o NEO-OS gerencia todo corpo de prestadores de serviços, documentos e dados trabalhistas para parceiros e fornecedores.
Todas contam com metodologia autoral denominada Digital Transformation Sprint (DTS), algo que vem sendo refinado há quatro anos e seis meses. “A partir do nosso método existem diversas fases de co-construção, identificando problemas junto aos clientes e desenhando alternativas específicas para desenvolvimento de softwares”, resume o executivo.
Antes da implantação de parques eólicos e solares, uma das atividades pertinentes é analisar se determinada região é propícia, sendo utilizadas torres com vários instrumentos de medição que medem 24 horas por dia os dados meteorológicos do local. No entanto estes equipamentos apresentam falhas ao decorrer do tempo, que devem ser percebidas com urgência para que os instrumentos sejam substituídos sem que a coleta dos dados seja afetada. No caso da Neoenergia a análise era manual, lenta e passiva de erros humanos.
Outro problema era o desconhecimento de quando essas torres iriam precisar de manutenção, o que acabava gerando um processo muito custoso de enviar um time até uma localidade para monitorar sem a devida assertividade. “A empresa não sabia se as torres estavam emitindo dados e qual teria sido o último evento que causou a interrupção da informação”, ressaltou.
A tecnologia SOFIA passou então a se conectar com as torres da companhia no ano passado para puxar os indicadores que são enviados por satélite para receptores. A partir deste processo foi possível compilar os dados recebidos para, munido dos padrões identificados, fossem enviadas as necessidades de manutenção assertiva, trazendo otimização para as equipes técnicas e oferecendo maior previsibilidade a partir dos gráficos e informações produzidas.
“A ferramenta realiza a análise de dados, utilizando reconhecimento de padrões no intuito de prever quando os instrumentos irão falhar para que os técnicos possam substituí-los o mais rápido possível, mantendo a qualidade da coleta dos dados”, complementa o CEO, lembrando que os contratos são anuais e podem sempre ser renovados.
Segundo a Neoenergia, as equipes técnicas conseguem identificar rapidamente distintos problemas que possam vir a acontecer em sensores que medem intensidade e direção dos ventos, além de radiação global e difusa, temperatura, umidade e pressão.
“Com a precisão das informações, as equipes ganharam agilidade para tomar as decisões necessárias. Além disso, o uso da plataforma SOFIA permitiu uma redução ao ano em torno de 90% dos recursos investidos até então para esse tipo de controle”, afirma Laura Porto, diretora de Renováveis da Neoenergia.
A executiva salientou que a visão de cultura da inovação da empresa está intrinsecamente ligada ao conceito de intraempreendedorismo, promovendo programas internos como hackathons que exploram o potencial criativo do ecossistema de inovação e dos colaboradores, revelando talentos e desenvolvendo soluções que agreguem valor ao negócio.
“A área apoia outros departamentos para que as equipes tirem ideias do papel e coloquem em prática, acompanhando os resultados de forma coordenada e alinhada com a governança e estratégia da companhia”, complementa o superintendente de Inovação, Sustentabilidade e Responsabilidade Social da Neoenergia, Francisco Carvalho.
Expansão
Como visto no início deste texto, a Loomi não atua especificamente no setor de energia, mas também junto a outros sinérgicos a sua proposta, como saúde, educação, banco, indústrias, varejo e serviços financeiros. Hoje são cerca de 45 clientes na carteira, entre grandes empresas e startups. No segmento elétrico, além da Neoenergia, tem conversas adiantadas com a Chesf e outras a aprofundar com o Grupo Energisa.
Em 2020 o faturamento chegou a R$ 2 milhões, tendo dobrado no ano passado, numa métrica clássica de escalonamento nesse ambiente de inovação. Já para esse ano a meta é mais ousada, almejando um resultado de aproximadamente R$ 10 milhões. “As perspectivas são muito positivas e já no terceiro mês de operação tínhamos tinha clientes fora do país, nos Estados Unidos e Turquia. A missão agora é intensificar essa relação”, aponta Albuquerque.
Ele afirmou ainda que tem viagens planejadas para Espanha, Suécia e Portugal, adiantando que a Loomi montará um estande no Web Summit, marcado para novembro desse ano. O evento é considerado um dos maiores de tecnologia no mundo e virá ao Rio de Janeiro em 2023.
“Vamos montar escritórios na Espanha, uma forma também de crescer de forma sustentável”, complementa, referindo que o principal desafio para esse escalonamento é encontrar mão de obra capacitada. “Poderíamos ter crescido mais rápido do que fizemos, mas temos dosado o pé para ter um time robusto de qualidade para boas entregas”, finaliza.