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Avançando cada vez mais na comercialização de energia em contratos de longo prazo e um portfólio diversificado entre PCHs e eólicas, a Statkraft projeta um crescimento de 30% na sua base de clientes no mercado livre brasileiro até o fim do ano, a partir de novos projetos de geração que irão entrar em operação e com foco na mitigação de riscos e qualidade de crédito. No ano passado a companhia aumentou sua participação com cerca de mil operações de compra e venda no ambiente, computando aproximadamente 30.000 GWh de energia transacionada.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o vice-presidente Comercial da Statkraft Brasil, Pablo Becker, destacou a meta “agressiva” em relação a adição de novos consumidores ao portfólio, hoje composto por 130 empresas e indústrias. A ideia é seguir aumentando esse número de forma diversificada, tanto via ativos de geração quanto no chamado trade de originação, evoluindo em todas as regiões do país.

“Estamos ampliando a equipe de vendas e apoio e em breve devemos anunciar a atuação da comercializadora para outros estados”, ressalta o executivo, afirmando que além da sede em Florianópolis (SC) e o escritório comercial no Rio de Janeiro, a multinacional pretende abrir mais escritórios, o primeiro provavelmente em São Paulo.

A captação de clientes acontece da forma pró-ativa, com vendedores indo até o consumidor ou através das feiras e eventos do setor, onde a empresa tem buscado intensificar suas participações e patrocínios. Outra via é pelas companhias que fazem gestão de contratos no mercado livre, sendo indicada nas cotações.

Pipeline de 2,5 GW para desenvolvimento é formado por projetos eólicos, solares e algumas usinas hidráulicas (Statkraft)

Becker aponta que com a migração para o ACL é possível alcançar, em média, 18% de economia quando comparado com o mercado cativo, o que depende do perfil de consumo e da distribuidora pela qual a energia será adquirida. Apesar de não oferecer o serviço de gestão dos contratos, a companhia apresenta condições comerciais alinhadas com o mercado, como flexibilidade, sazonalização e modulação, além de soluções para demandas específicas.

“Operamos nos mercados de curto, médio e longo prazo. Sendo assim, não há limitação de período mínimo e nem máximo para o suprimento de energia para o cliente”, indica o VP, acrescentando que a carteira é atualmente formada por diferentes segmentos, como petroquímicos, mineração, automotivo, alimentos, bebidas, supermercados e atacados em geral.

Para ele, o grande diferencial da companhia são os produtos inovadores, como o relacionado a mecanismo de hedge para geradores que tenham um perfil de produção eólica e solar e não querem correr riscos, sabendo que só irão conseguir vender um produto flat no mercado. “Nós podemos trocar essa correção mediante um prêmio, gerenciando o risco para os desenvolvedores”, complementa.

Nos últimos anos mais de 300 clientes do grupo foram atendidos em todo mundo com outros produtos como o I-REC (Certificado Internacional de Energia Renovável) e Crédito de Carbono. Outro ponto citado é a robustez do acionista norueguês, o que traz solidez para o negócio que sempre deverá respeitar contratos, regras de compliance e toda gestão de risco, qualificando o time técnico a oferecer produtos que se adaptem aos clientes em termos de flexibilidades e operações estruturadas.

Empresa analisa abertura de novos escritórios comerciais para além do Rio de Janeiro ou da sede em Florianópolis (Statkraft) 

Hub de investimentos

Segundo o dirigente, a empresa aposta no Brasil como uma plataforma de crescimento internacional, uma prioridade de longo prazo com objetivo de ampliar os investimentos em fontes renováveis como eólica, solar e na comercialização de energia, além de oportunidades de fusões, aquisições e o hidrogênio verde no horizonte.

“Olhamos as oportunidades de forma permanente e vemos um processo de consolidação e alguma necessidade de reciclagem de capital por parte de alguns fundos de investimentos com projetos mais maduros no país”, comentou Pablo Becker, afirmando que a preferência é por projetos que não tenham questões ambientais envolvidas e ativos de qualidade, sem falar na parte de compliance.

A empresa fechou o ano passado com participação em 22 empreendimentos em operação, incluindo PCHs e parques eólicos na Bahia e no Sergipe, totalizando 450 MW. Somam-se em breve outros dois complexos saindo do papel, ambos na Bahia e oriundos de leilões regulados, mas com uma parcela da produção a ser destinada ao mercado livre.

Ventos de Santa Eugênia angariou R$ 2,5 bilhões em aportes e prevê 519 MW entre 91 turbinas até 2023, com boa parte da energia já vendida no ACL e contribuindo para o acréscimo de 47% no volume de energia vendida pelo grupo nos últimos 18 meses. Já o projeto Morro do Cruzeiro, de 79,8 MW, tem início da construção previsto para junho de 2022 e conclusão para 2024.

Complexo Eólico Santa Eugênia prevê 91 aerogeradores e deve ser finalizado em 2023 na Bahia (Statkraft)

Sobre a entrada na fonte solar, Becker afirmou à Agência CanalEnergia que em breve a empresa deve anunciar algum projeto no Brasil, e que a estratégia consistiu em que o primeiro projeto greenfiled por aqui fosse Santa Eugênia, para num segundo momento partir para a fonte fotovoltaica, destacando um pipeline interessante de 2,5 GW formado também por eólica e usinas hidráulicas.

“Foi uma questão mais de oportunidade, pois já tínhamos o projeto eólico na mão, com questões de conexões de transmissão bem resolvidas e tendo tido sucesso no leilão e no mercado livre,” analisa.

O VP da Statkraft Brasil também ressaltou que a companhia está estudando o desenvolvimento de usinas híbridas, visto ter projetos de aerogeradores com áreas adjacentes bem interessante em termos de radiação, sendo uma possibilidade que esse primeiro projeto solar venha de um parque híbrido.

Em 2021, a produção apurada da capacidade operacional da empresa chegou a 1.393,74 GWh, representando queda de 7,4%, explicada pelos impactos da pandemia e prolongamento nas manutenções corretivas, mas compensada pela melhor afluência em centrais hidrelétricas da região Sul.

Conforme relatório, a disponibilidade apurada ficou em 89,93% para a fonte hídrica e 84,97% para a fonte eólica, com elevação de 1,63 ponto percentual na comparação anual, quando alcançou 90,69% e 81,40% respectivamente. As usinas hidráulicas são de média idade e não requerem ainda modernização, tendo sido compradas quando a empresa chegou ao Brasil via joint venture, em 2012.

Desafios

Questionado sobre as perspectivas futuras, Pablo Becker disse enxergar o mercado de atuação da empresa mais pelo lado das oportunidades do que pelos desafios, que segundo ele são permanentes. Ele cita o acompanhamento da questão regulatória, assim como os custos e seguir sendo competitivo com respeito a projeção de preços, mercado e gestão dos clientes.

“Temos a abertura do mercado, o que trará uma modernização ainda maior do que está acontecendo, talvez uma aceleração e nós como empresa de porte mundial temos que estar preparados para fazer frente a um mercado mais sofisticado, que irá demandar mais gestão de risco e alocação de capital, o que vemos como oportunidade para ampliação dos negócios”, salienta.

Sobre o combo crise logística de suprimentos, pandemia, alta do dólar e inflação, que impôs desafios para todos os desenvolvedores de projetos, o executivo ressalta que a companhia tem conseguido equacionar a questão para as obras. “O que percebemos é que os projetos que irão vir se tornaram viáveis a preços maiores do que os anteriores, em função da manutenção dos patamares envolvendo também a questão geopolítica com a guerra na Ucrânia”, avalia.

Adicionalmente o comentário é de que os impactos afetam invariavelmente a cadeia produtiva como um todo: frete, dificuldades para encontrar certos componentes de eólica e solar, além da inflação e o desafio do gás na Europa, que tem que reduzir seu consumo após a redução do fornecimento russo, o que irá gerar uma demanda incremental.

Quanto ao desenvolvimento dos aerogeradores offshore, Becker pontuou que a tecnologia é uma prioridade para o Mar do Norte e mais a longo prazo no Brasil, onde ele vê muito potencial onshore ainda a ser explorado.

Já em relação ao hidrogênio verde o executivo destacou a recente parceria com a Aker Clean Hydrogen e a Sowitec, estando nesse momento em negociação e avaliação das terras e potenciais clientes para uma planta piloto de produção do vetor energético considerado o combustível do futuro.

“Esperamos acelerar e anunciar em breve os primeiros frutos dessa parceria, uma planta piloto para depois uma maior ampliação de escala, possivelmente no Nordeste”, finaliza Becker.