A AES Brasil registrou lucro líquido de R$ 9,3 milhões no segundo trimestre do ano. Esse valor representa uma queda de 65% no resultado da empresa no período. O resultado ebitda de abril a junho ficou em R$ 239,4 milhões, redução de 6,4% ante o mesmo intervalo de 2021. No acumulado do ano os ganhos da empresa somam R$ 80,2 milhões, recuo de 32,9% ante janeiro a junho do ano passado. O resultado operacional ficou em R$ 540 milhões, nível 10,7% menor.
Segundo o diretor de Tesouraria e de Relações com Investidores da empresa, José Simão, esse resultado foi impactado pelo lado negativo pela inflação que chega primeiro aos custos e que depois será recuperado quando aplicado aos contratos em suas data-base. E ainda, a questões como furtos de cabos em ativos eólicos que reduziram sua disponibilidade. Segundo o executivo, essa infraestrutura já foi recuperada. A alocação de energia no primeiro semestre no MRE ajudou a compensar a queda indicada.
A receita operacional líquida da AES Brasil no trimestre aumentou 10,6%, para R$ 620,9 milhões e nos seis meses do ano um pouco mais, 16,1% acima do reportado em 2021. Um ponto que pesou foi o custo de produção e operação de energia que aumentou 18,9% no trimestre e 38,5% quando a base de comparação é o semestre de 2022 contra 2021. As despesas com a compra de energia no trimestre saltaram 28,1% e no semestre o pulo foi maior ainda com 45% na comparação com 2021.
De acordo com o executivo, o aumento dos custos de compra de energia decorre de uma decisão tomada no ano passado. Com a crise hídrica a empresa determinou que deveria fechar o balanço energética para 2021 e 2022 para evitar riscos. Uma importante parcela da capacidade de geração da AES Brasil é da fonte hídrica, e portanto, exposta ao GSF.
“Estávamos em plena crise hídrica, então fomos a mercado e fechamos o balanço. De outubro para cá voltou a chover e os níveis dos reservatórios se recuperaram. Hoje temos essa energia no nosso portfolio que está com nossa mesa de trade, compramos energia, mas estamos vendendo também”, explicou ele. Contudo confirma que o valor da compra está em um patamar mais elevado do que os preços atuais praticados. “Não estamos liquidando ao preço spot, mas sim fechando contratos para mitigar a exposição”, acrescentou.
A geração de energia pela empresa aumentou 14,5% neste ano quando comparado ao primeiro semestre do ano passado. Esse comportamento é verificado pelo aumento da geração hidrelétrica que ficou 19,2% maior. A geração eólica recuou 3,3% no mesmo período e a solar aumentou 7,5%.
A empresa encerrou semestre com uma potência instalada de 3,7 GW, mas a perspectiva é de que até o final do ano tenha mais 322 MW do complexo de Tucano em operação. Até o final de 2023 será a vez das fases 1 e 2 de Cajuína, com quase 700 MW elevando a capacidade total a 4,7GW.
Atualmente, Tucano está com 77% das obras concluídas, sendo que há quatro aerogeradores gerando receita para a companhia, antes da entrada em vigor dos contratos. Essa energia sim, liquidada a PLD. São mais 16 máquinas em testes e duas que estão prontas mas em fase de pré-comissionamento. Ao total serão 52 aerogeradores.
Os investimentos da AES Brasil somaram R$ 724 milhões no semestre o que leva a alavancagem da AES Operações (antiga AES Tietê) a uma relação entre a dívida líquida sobre o ebitda de 3,95x, ainda um índice afastado as 4,5x estabelecida como covenants. A tendência, diz Simão, é de redução dessa alavancagem com a entrada gradativa de novas máquinas em Tucano ao passo que aportes devem se desacelerar.