A autoprodução tem sido o carro chefe das negociações da AES Brasil com os seus clientes, pois eles querem se proteger dos encargos e ter um custo de energia mais competitivo no mercado. “Nós temos visto uma procura grande pela autoprodução principalmente quando os encargos têm uma volatilidade muito grande e nós vimos no final do ano passado e no começo deste ano o preço de encargos crescendo e se tornando quase mais caro que o preço da energia e toda hora surge alguma volatilidade. Com isso, algumas empresas têm demonstrado interesse grande na autoprodução”, disse o diretor vice-presidente da AES Brasil, Rogério Pereira Jorge.

Com relação a comercialização a AES deverá manter o foco em contratos de longo prazo, porém sem deixar de lado o segmento de varejo. “A gente vê quase 3 GW de clientes buscando contratos de longo prazo que vão de 15 a 20 anos, então, esse tem sido o nosso principal foco de expansão via greenfield, mas a gente sabe que o varejo será o futuro e que tem um espaço crescente, mas por enquanto em termos de volume de impacto financeiro os contratos de longo prazo farão o principal volume na nossa carteira, mas isso não significa que a gente não está se preparando para o varejo. Estamos de olho nesse segmento sim e hoje já somos um dos três maiores varejistas do País, mas o volume financeiro vindo do varejo ainda vai levar um certo tempo para se materializar”, disse a CEO da AES Brasil, Clarissa Della Nina Sadock Accorsi.

Clarissa destacou durante a teleconferência com investidores, realizada nesta sexta-feira, 05 de agosto, que pela primeira vez, a AES Brasil comercializou 465.807 créditos de carbono, oriundos dos parques Eólicos de Mandacaru e Salinas. A Companhia avalia ainda a possibilidade de comercializar mais 2,8 milhões de créditos dos seus parques eólicos e solares que teve COD a partir de 2016. “Fizemos as primeiras vendas no mercado norte-americano que atingiu o valor de US$ 2,3 milhões. Esse número deverá fazer parte do resultado do terceiro trimestre da companhia. Esses créditos foram gerados ao longo dos anos de 2015 a 2019”, explicou a CEO da AES Brasil.

Ainda com relação aos créditos de carbono, Clarissa afirmou que a companhia vem trabalhando para certificar todos os parques eólicos e solares em operação. “Hoje se pegarmos o Alto Sertão II e os parques solares, estamos falando aí de mais de quase R$ 3 milhões em créditos. E quando a gente começar a trabalhar Tucano e Cajuína aí teremos um número mais firme desses montantes. E isso não é de hoje, já trabalhamos com essa certificação e de diversas formas há muitos anos e isso em absolutamente todos os nossos ativos”.

A Companhia continua focada na construção de seus complexos eólicos, Tucano e Cajuína, que somam 1 GW de capacidade instalada e com entrada em operação estimada para os próximos 18 meses. Em relação ao Complexo Eólico de Tucano, Clarissa afirmou que mais de 77% da construção dos 322,4 MW já foi concluída. Destaque no período para a entrada em operação dos primeiros aerogeradores em julho. O ativo estará totalmente operacional até o final deste ano.

Referente à construção dos primeiros 695,0 MW do Complexo Eólico Cajuína, a operação segue conforme o planejado, com entrada em operação prevista para 2023. A primeira fase do Complexo, com 324,5 MW divididos em 55 aerogeradores, já está 19% concluída. A segunda fase, com 370,5 MW de capacidade instalada, já apresenta relevante avanço das obras civis, sendo 14% concluídas.

Já com relação ao Complexo Cordilheira dos Ventos, a AES afirma que ela faz parte do projeto de Cajuína e ela agrega megawatts a plataforma de crescimento greenfield do complexo. “Cordilheira é um projeto que foi desenvolvido originalmente pela Renova e ele é vizinho ao nosso projeto Cajuína, fica exatamente ao lado, porém ele ficou com o controle do movimento paralisado durante um tempo por questões internas e agora nós compramos os direitos sobre terrenos e medições de ventos e vamos refazer todo o processo de licenciamento regulatório de acesso e conexão desse projeto. É um projeto que tem ventos praticamente iguais ao de Cajuína, ou seja, a fatura de capacidade é bastante alta e próxima ou superior aos 60%. É um projeto que agrega bastante competitividade ao nosso portfólio e em breve vai se tornar um PPA”, afirmou o diretor de novos negócios da AES Brasil, Bernardo Sacic.

Clarissa ainda destacou que a companhia atualmente vem trabalhando com a Nordex e Siemens Gamesa na questão dos aerogeradores, porém vê outros fornecedores no País com interesse em crescer nesse segmento.

Além disso, em junho, a AES Brasil realizou a emissão de R$ 950 milhões de debêntures, inaugurando o prazo de 22 anos para projetos de geração no mercado. Segundo a CEO, o montante captado será direcionado para construção do Complexo Eólico Cajuína.

Para o futuro a companhia espera um crescimento em M&As com foco em ativos eólicos e solares. Já tem 1 GW em construção e até 1.5 GW de pipeline como avenida de crescimento. Além disso, a AES Comercializadora inicia as operações para incremento do trading.