A Auren Energia, controlada pelo grupo Votorantim e o canadense CPPIB, fechou o segundo trimestre com prejuízo líquido de R$ 2 milhões, 97,6% menor que os R$ 86,2 milhões reportados no mesmo período do ano passado. A empresa divulgou suas demonstrações financeiras na noite da última quinta-feira, 11 de agosto, reportando EBITDA ajustado de R$ 424 milhões e margem de 32% ante os R$ 248 milhões registrados um ano antes, aumento de 71%.
O resultado reflete principalmente o maior preço médio dos contratos e o impacto positivo dos dividendos das empresas investidas no segmento de geração hidrelétrica. A receita operacional líquida totalizou R$1,3 bilhão, ficando estável, sendo impactada positivamente pelos contratos de venda de energia. A geração de caixa operacional atingiu R$ 385 milhões após o serviço da dívida, representando um índice de conversão de 91,5%.
Quanto ao desenvolvimento dos projetos no período, as obras dos Ventos do Piauí II e III seguem avançando dentro das expectativas de orçamento e de prazos de entrega. A estimativa é de que a finalização aconteça em novembro de 2022. Até o momento são 36 aerogeradores em operação comercial e 19 em testes, o que representa 60% do total e que deverão agregar 409 MW em capacidade instalada e 197 MWmédios em garantia física.
Primeira usina híbrida em escala no Brasil
Com relação aos projetos solares, foi aprovado ontem pelo conselho da companhia um investimento de R$ 2,26 bilhões na planta Jaíba V (MG) e no complexo Sol do Piauí (PI), este considerado o primeiro projeto híbrido em escala comercial no país. Os ativos irão somar 548 MWac à capacidade instalada e 172 MWm à garantia física da companhia. Junto aos complexos eólicos em construção, os quatro projetos, quando concluídos, aumentarão em cerca de 25,2% a energia assegurada total da Auren em relação à garantia física atual.
Na teleconferência dos resultados nessa sexta-feira, 12 de agosto, o CEO Fabio Zanfelice demonstrou confiança no capex dos novos empreendimentos, destacando que a empresa estudou a fundo os fatores de risco e exposição, sobretudo quanto ao preço dos painéis no mercado internacional.
“Temos olhado semanalmente, tanto a questão logística quanto de matéria-prima e agora vemos uma estabilidade nos custos, sem aumento de preços para o planejamento no horizonte dos projetos”, comentou, ressaltando a experiência da corporação na construção de projetos, aquisição de equipamentos e gestão de obras e contingências.
Comercialização e riscos compartilhados
Outro destaque na apresentação das demonstrações financeiras e operacionais foi o portfólio consolidado de vendas da comercializadora, com 3,5 GW médios, mais do que o dobro da garantia física das usinas, o que para Zanfelice demonstra que a exposição a preços do braço da geradora está bem coberto e com a comercializadora seguindo a explorar as oportunidades de mercado e as janelas de compra e venda de energia.
“A ideia é ter uma gestão para os próximos três anos do balanço energético próximo a totalidade de contratação, o que dá liberdade para a comercializadora fazer seu trade natural e proteger a posição da geradora”, salientou, citando também a uma mudança com a rápida recuperação dos reservatórios e expectativa de que o preço permaneça no próximo ano e talvez até caia, dado a entrada de mais um período úmido.
O CEO da Auren também reforçou que a estrutura de capital da companhia está preparada para movimentos de expansão, seja no desenvolvimento de projetos greenfield ou na aquisição de ativos, sempre com atenção ao retorno dos projetos e disciplina financeira.