A questão da inadimplência consolidada no grupo Energisa no segundo trimestre deverá ser revertida nos próximos meses. Segundo a análise da empresa, o fato de que no ano passado houve a proibição de corte de energia por três meses derrubou o indicador refletindo nesse ano. No segundo semestre o cenário é mais favorável com a redução do ICMS e o pagamento do auxílio emergencial.

A taxa de inadimplência do grupo aumentou de 0,43% no segundo trimestre de 2021 para 1,38%. O destaque nessa piora do indicador foi verificado na concessão da empresa no Mato Grosso, explicou Newton Santos, diretor de Proteção à Receita da companhia. Mas ele se mostrou mais confiante.

“A taxa de arrecadação está melhorando e nos dá uma visão de curto prazo que vamos colher os frutos do benefício das provisões, então este é um cenário momentâneo em nossa opinião”, destacou ele em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do segundo trimestre.

Outro tema discutido durante o evento foi a renovação das concessões de distribuição. A avaliação da empresa é de que ainda é difícil dizer qual deverá ser o caminho a ser trilhado pelo governo nesse processo. Mas segundo Alexandre Ferreira, vice presidente de Regulação da Energisa, os pontos levantados em processo anteriores deverão ser aplicados agora nessa nova rodada.

Questionado sobre o interesse na Enel-GO, a Energia preferiu não comentar o assunto se estaria participando do processo de aquisição da distribuidora goiana, colocada à venda pela Enel. “A Energisa é um player relevante no segmento de distribuição e sempre analisa oportunidades”, comentou o CFO Maurício Botelho.

Geração
O CEO da Energisa, Ricardo Botelho, comentou que o ambiente de aumento de custos para a expansão de capacidade de geração deve afetar o custo marginal de expansão e que “provavelmente terá reflexo no mercado de energia”. Apesar desse fator não comentou se essa elevação internacional nas matérias primas deverá alterar o plano de expansão da companhia.

Botelho lembrou que a empresa tem um plano de cinco anos e que deve ser monitorado à luz da oferta e demanda. E deu como exemplo um leilão no Chile cujo preço da energia para 15 anos foi fechado a um valor 50% mais elevado do que um projeto anterior na fonte solar.

“Esse fator é notado em competições no mercado regulado e não regulado, então vamos monitorar isso, a meu ver não é um problema, mas precisamos verificar o que agrega valor ao nosso acionista”, destacou ele.

Já em geração distribuída a empresa está acelerando os investimentos. Em um ano saiu de uma capacidade instalada de 38 MWp para 93 MWp, um crescimento de 144%. Do final de junho até o momento a empresa já incrementou em mais 3,6 MWp, passando a 96,6 MWp por meio da fonte solar.

Roberta Godoy, da (Re)energisa, destacou que entre os desafios do setor está a questão da conexão por parte das distribuidoras. Mas afirma reconhecer que a Cemig deve estar enfrentando muita demanda diante da busca pela manutenção das condições atuais da GD. Acredita que no segundo semestre essa questão deverá ser equacionada para que a divisão de geração distribuída do grupo possa cumprir seu plano para 2022.

Os aportes nessa modalidade somente no primeiro semestre somaram R$ 232 milhões. O ebitda desse segmento aumentou 78,5%, passou de R$ 8 milhões para R$ 14 milhões. Esse é o terceiro maior destino de recursos de capex da empresa, atrás apenas de distribuição e de transmissão.