A revisão do plano estratégico de investimentos da Eletrobras, o primeiro da empresa privada, poderá constar com mais valores para a renovação e modernização de ativos mais antigos. Entre eles para as usinas hidrelétricas e linhas de transmissão que estão no final de sua vida útil. Atualmente, o plano inclui aportes de R$ 1,5 bilhão para o Complexo de Paulo Afonso (BA).
De acordo com o CEO Rodrigo Limp, que dará lugar à volta de Wilson Ferreira Júnior, o cenário dos planos de investimento da Eletrobras com a capitalização sendo efetivada era de algo na casa de R$ 12 bilhões. Esse valor, explicou ele, é uma referência, podendo ser mais ou menos. No foco continuam os aportes em fontes renováveis, que podem incluir ainda geração nas fontes eólica e solar.
O diretor de Geração, Pedro Jatobá, afirmou em teleconferência com analistas e investidores que os ativos precisam de investimentos em modernização. Os maiores são da Eletronorte e da Chesf, inclusive este em processo de contratação. Com a capitalização, lembrou o executivo, a Eletrobras tem a obrigação com o Poder Concedente de verificar essa questão de modernizar as usinas.
“Essa ação exigirá uma análise aprofundada das 22 usinas descotizadas para verificar os potencias de melhorias desses ativos e virá refletido nos próximos anos”, comentou ele. “Estamos discutindo os requisitos e na interpretação literal está aberta a possibilidade de promover expansões para aumentar a garantia física das usinas”, completou.
Aliás, a questão da revisão das garantias físicas das UHEs que o governo federal promoverá – cuja consulta pública está aberta – é vista por Rodrigo Limp como positiva. Essa ação ajuda a trazer mais assertividade ao setor elétrico e em sua análise traz o nível de GSF a um patamar mais próximo da realidade da operação do SIN.
O assunto é importante para a companhia que é a maior geradora hidrelétrica do país. E como essa revisão não alcança as usinas descotizadas, segundo a lei 14.182, a empresa estaria de certa forma mais protegida dessas variações.
Ainda falando de UHEs, a Eletrobras comentou que avalia a aquisição de participações em ativos como Belo Monte e outras que possam ser colocadas ao mercado e que considera estratégicas. Mas que não há nada de concreto nesse sentido no momento.
Caso haja aquisição de participações adicionais de Belo Monte a Eletrobras teria que consolidar mais essa usina estruturante em seu balanço. A companhia detém 49,98% de participação na central localizada no Pará. Essa seria uma solução como acontece nesse momento com a Santo Antonio Energia cujo controle está com Furnas que detém 73% da UHE no Madeira.
Em uma contabilização pro forma feita no final do segundo trimestre, o endividamento da Eletrobras com a Santo Antonio Energia aumentou de 0,7x a relação dívida líquida sobre o ebitda para 1,6x. Esse índice já contempla a desalavancagem da Eletronuclear, empresa na qual ainda possui importante participação, mas que não tem mais o controle como consequência do processo de privatização.
Na outra ponta, a vendedora, Rodrigo Limp apontou que a empresa espera pela proposta que a CSN apresentará no tag along da CEEE-G, empresa comprada no mês passado junto ao governo do Rio Grande do Sul. O aceite se dará mediante à proposta da vencedora do leilão por aqueles ativos.
A atualização do plano deverá ser aplicada em breve, com o novo conselho e o CEO que deverá tomar posse antes do dia 20 de setembro, inclusive, destacou Limp.