Simulações realizadas com diferentes fontes de geração, a partir de uma metodologia que confere peso maior aos aspectos ambientais e sociais da sigla ESG, mostram que os empreendimentos de energia solar fotovoltaica e eólica são os mais qualificados para receber recursos financeiros compatíveis com essa agenda. Os resultados apontam, no outro extremo, as desvantagens do investimento na geração termelétrica a óleo ou a gás, que apresentaram o pior desempenho entre as fontes analisadas.
A nova classificação desenvolvida pelo Instituto Escolhas e lançada nesta quinta-feira, 18 de agosto, coloca as usinas fotovoltaicas no topo do ranking entre as fontes analisadas, com pontuação mínima de 76,1 e máxima de 87,1, em uma escala de e 0 a 100. Em seguida vem as eólicas, com mínimo de 71,8 e máximo de 82,1.
Hidrelétricas na Amazônia tiveram pontuação de 65,7 e 76, fora da faixa considerada excelente. Para térmicas a gás natural, o mínimo ficou em 62,6 e o máximo em 72,9; enquanto usinas a óleo tiveram notas de 57,1 e 67,4, bem abaixo das primeiras colocadas.
O Rating ESG soma 57 indicadores distintos, convertidos em valores de 0 a 100. Diferente de outros índices, ele confere peso de 40% ao aspecto ambiental (E), de 35% ao social (S) e de 25% à governança (G).
O objetivo é fornecer métricas precisas para que bancos e investidores possam cumprir as exigências do Banco Central em relação aos riscos ambientais, sociais e climáticos, nas decisões sobre alocação de capital em empreendimentos do setor elétrico. A metodologia permite, no entanto, adaptações e pode ser replicada em outros setores de infraestrutura, explica o diretor executivo do Instituto, Sérgio Leitão.
O setor elétrico é utilizado no estudo como exemplo de aplicação do Rating ESG. Para analisar os aspectos de meio ambiente e social foram analisados dados de empreendimentos reais, já em operação – usinas hidrelétricas situadas na Amazônia; termelétricas a óleo e a gás; eólicas e fotovoltaicas localizadas na Região Nordeste – embora a ferramenta possa ser usada em novos projetos.
Entre os parâmetros considerados estavam emissões de gases de efeito estufa, uso de água e perda de cobertura vegetal. Já em relação à governança, foram atribuídos aos empreendimentos os mesmos indicadores organizacionais da empresa responsável pelo projeto.
O estudo avalia que o novo rating “pode direcionar a alocação de recursos na geração de energia de modo compatível com os compromissos internacionais do país no âmbito do enfrentamento global à emergência climática”, além de servir para orientar políticas públicas.
“O que essa rating está mostrando é que os bancos poderiam tomar uma decisão de não financiarem essa térmicas da lei da Eletrobras”, disse Leitão. Ele cita a contratação compulsória de 8GW de térmicas a gás ate 2028, incluídas na Lei 14.182, como um exemplo ruim de alocação de custos. Além de mais cara, a fonte é considerada um desperdício de recursos para o investidor, considerando os custos ambientais envolvidos.
O executivo falou ao CanalEnergia Live. Veja aqui a integra da entrevista.