Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

O fundo global GEF Capital, focado em soluções climáticas e no movimento de transição energética, anunciou um investimento de R$ 60 milhões a R$ 80 milhões nos próximos cinco anos na Automalógica, adquirindo uma participação minoritária relevante do negócio fundado em 2006 e com foco em serviços e soluções para supervisão, controle e proteção de sistemas elétricos.

A empresa sediada em Jundiaí (SP) atende atualmente a 86 representações do segmento, sendo 50 geradoras, 24 distribuidoras e 12 transmissoras. Conta atualmente com 28 GW supervisionados e mais de mil subestações, mirando atingir 35 GW até o fim do ano com o desenvolvimento de novos projetos. A marca representará cerca de 20% de toda energia gerada no país, em torno de 170 GW, e cerca de 25% de toda produção renovável, incluindo hidrelétricas, solares e eólicas, está última já perfazendo 11,5 GW no quadro da companhia.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO da Automalógica, Marcelo Ferreira, destacou a entrada do primeiro aporte inorgânico em 16 anos de história como um novo ciclo de crescimento na própria base instalada de clientes, fazendo com que tenham acesso a tecnologias que irão aumentar suas eficiências e disponibilidades. “O fundo enxergou o impacto climático que conseguimos gerar a partir de softwares para aumentar a geração de usinas ou a disponibilidade de distribuidoras e transmissoras”, aponta.

Segundo ele, os recursos serão direcionados principalmente para P&D em eficiência e segurança operacional, além do aumento da capacidade de entrega e ampliação para outros mercados internacionais, além dos parques eólicos monitorados no Chile. “A intenção é intensificar o movimento de expansão internacional e todas as frentes podem vir de forma orgânica ou via aquisições que complementem o portfólio ou abram novos mercados”, comenta o executivo.

Ferreira contou que a companhia iniciou sua trajetória sem nenhum capital de investimento, apenas com a dedicação dos sócios fundadores na própria república onde moravam e nos últimos anos investindo em P&D apenas com o próprio lucro gerado pelo negócio. Entre as empresas que abriram as portas para o segmento das renováveis, ele cita inicialmente a CPFL Renováveis e a Enel Green Power, e depois a Casa dos Ventos, Omega, Voltalia, Contour Global, Statkraft e mais recentemente a Elera.

Agora, com os recursos recebidos do fundo ESG presente nos Estados Unidos, Brasil e Índia, a companhia busca não só o capital, mas know how, apoio estratégico e conhecimento na estruturação de fases de crescimento, que em seu caso tem sido numa taxa de 30% anual, tendo a meta de manter esse índice de receita. “Ano passado fechamos com alta de 34% e nesse ano devemos fechar em R$ 50 milhões”, complementa o CEO.

Da faculdade ao próprio negócio

Marcelo Ferreira lembrou que a Automalógica começou a partir de um projeto de faculdade antes de 2006, quando ele, o mentor, cursava engenharia elétrica na Universidade Federal de Itajubá. Foi lá que a iniciação científica o colocou em contato com a ideia de desenvolver softwares para controlas usinas de energia. Ao final do curso direcionou esforços para abrir o negócio, que hoje conta com um time de 150 profissionais.

A companhia atua com quatro unidades de negócio: a original, com a inclusão de diversos recursos de inteligência operacional, como simulador para treinamento de operadores e sistemas autônomos ao SCADA, destinados a centros de operação; os sistemas de controle e proteção para subestações; a digitalização de plantas solares, incluindo controle, limitação de potência, alarmes e comandos. E por fim a reunião de todos os dados coletados para tradução em inteligência operacional em soluções digitais.

“Na última unidade transformamos dados em informação para tomadas de decisão e para indicadores de gestão, na palma da mão dos investidores através de aplicativos e dashboards”, indica Ferreira.

Entre os diferenciais, o executivo classifica a presença em todos os níveis de operação, desde a subestação até a inteligência operacional, conferindo um valor único ao cliente ao conectar a planta e criar informações de gestão, além dos módulos e recursos acoplados ao sistema SCADA.

“A operação de hidrelétricas pode ser feita de forma autônoma, com a função do operador passando a ser de supervisão de um piloto automático do que realizar tarefas rotineiras de operação, que serão executadas por um algoritmo de computador”, analisa, ressaltando a atuação da empresa junto as UHEs Santo Antônio e Jirau.

Desafios

Marcelo Ferreira destacou que atualmente as energias renováveis e em especial a solar tem trazido grandes desafios para os sistemas de supervisão, visto o volume grande de dados a serem trabalhados. Se antes da chegada dessas usinas o maior centro brasileiro não passava de 1 milhão de pontos, hoje ele salienta que uma única planta solar possui essa faixa de operação.

“Esse é o grande desafio e que temos investido em tecnologia e P&D para lidar com essa quantidade de dados. São sistemas de Big Data, com uma quantidade de dados jamais vista em uma só usina”, reforça, salientando que fora isso existem diferenças significativas na operação de cada tipo usina e a forma de controlar os ativos, com diferentes estratégias de otimização.

Usinas solares trabalham com muito mais dados e variáveis fundamentais para operação e monitoramento (SDB Solar)

Sobre investir em tecnologias que irão fazer as usinas gerarem cada vez mais energia, o CEO traz como exemplo uma solução para UFVs, onde algoritmos podem adotar uma estratégia de otimizar a quantidade de energia gerada pelos painéis durante aa passagem de nuvens, respeitando os limites do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

“São pequenos incrementos de ganhos de eficiência, como 0,5% que parece pouco, mas quando se fala numa base de 35 GW de potência é diferente”, pontua o fundador da empresa.

Novas perspectivas

Para o próximo ano, além de buscar crescimento e evolução tecnológica das unidades de negócios já existentes, Ferreira fala no lançamento de novos produtos, como algumas novidades para o monitoramento e controle de geração distribuída entre 1 MW a 5 MW de potência, com planos de assinatura em que o cliente não precisa fazer grandes investimentos iniciais.

“O hidrogênio verde também no radar, assim como armazenamento, onde temos um projeto de monitoramento de storage em um parque eólico”, acrescenta, afirmando que outra possibilidade vislumbrada é a expansão para outras utilities, como gás e saneamento, tendo já um projeto na Comgás e outro na Egea.