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Um movimento coordenado começa a tomar forma em países de língua latina e com um objetivo em comum, o desenvolvimento do mercado livre de energia regional. Essa foi uma das propostas que a Abraceel, a associação que representa os comercializadores de energia no Brasil, apresentou a candidatos nas Eleições 2022, mas ao mesmo tempo a entidade já sinalizou sua participação na iniciativa que visa criar uma associação iberoamericana para tratar do tema.

Chamada inicialmente de Associação Iberoamericana do Mercado Livre de Energia. Esse movimento tem um pouco mais de um ano, já conta com a adesão de países como Chile, Colômbia, Espanha, México e Brasil, e está próxima de ser oficializada. Atualmente estão em discussões os princípios essa entidade supranacional que tem como meta ajudar na aceleração do processo de abertura regional do mercado livre de energia e mais à frente buscar a integração energética da região.

Segundo Sebastian Novoa, diretor executivo da Ecom Chile – que preside a associação daquele país equivalente à Abraceel no Brasil -, todos os países têm mercados ainda com um grau de liberalização similar e as demanda são também bastante similares entre si. Então, disse ele em entrevista à Agência CanalEnergia, a ideia de unir forças e buscar uma pauta que é semelhante, ganhou força.

A ideia é de que a formalização dessa entidade ocorra ainda este ano, em uma perspectiva realista, “em cerca de dois meses devemos assinar os documentos”, disse ele. “Conversamos com todos os países que mostraram interesse”, apontou. Ainda no campo de atração de mercados que não se manifestaram, Novoa apontou Peru, Argentina e Uruguai. O Paraguai, explicou ele, possui uma posição diferenciada porque é superavitário com venda de energia por parte do governo e que não há um mercado livre por lá.

Hoje as demandas do países são parecidas, então vamos juntar forças para buscar resolver e avançar todos juntos ao invés de caminhar individualmente.
Sebastian Novoa, Ecom Chile

Nos demais países, em graus diferentes há possibilidade de expansão com a abertura até a baixa tensão e a criação de bolsa de energia. A meta futura, admitiu, é a de viabilizar uma integração energética entre os diversos mercados. Ele ressalta as complementariedades de geração entre os países com suas especificidades como as renováveis no Brasil, o gás no Peru, hídrica na Colômbia e solar no Chile.

“A ideia é ter um mercado livre para que as comercializadoras possam interagir e dar mais força a esse ambiente de contratação. O caminho ainda passa por facilitar a troca de informações entre os mercados e depois podemos chegar até a integração regional, permitindo a importação e exportação de energia e a atuação das empresas nesses países”, explicou ele.

Ele destacou por exemplo a posição de interligação física já existente entre o Brasil e Uruguai, Paraguai e Argentina. Deste último com o próprio Chile que por sua vez tem ligações com Peru e Colômbia e volta ao Brasil.

A participação de países mais afastados da região como Espanha e Portugal (que ainda não se manifestou) vem pelo fato da língua falada e ainda o fato de estarem em um mercado que já passou por essa etapa de transição. Hoje na Espanha, lembrou ele, o mercado é aberto a todos os consumidores e a experiência vivida por lá pode ser utilizada por aqui para passar por etapas e evitar erros cometidos no processo.