A petroquímica Braskem está avaliando as formas mais viáveis para o desenvolvimento de uma cadeia de hidrogênio destinada a produção de químicos verdes e também sob a ótica energética da descarbonização e eletrificação da indústria, mirando a inserção do novo combustível para as próximas duas décadas.
“Estamos estudando e vendo alguns avanços para inclusão de unidades de pequena escala em Camaçari (BA), mas olhando com muito cuidado a viabilidade técnica e econômica, como por exemplo nas questões logísticas”, afirmou nessa terça-feira, 30 de agosto, o diretor de Energia e descarbonização industrial da Braskem, Gustavo Ceccucchi, durante o Fórum de Inovação da Siemens.
O executivo comentou que o H2 verde pode ajudar a eletrificar um forno elétrico, ainda que dificilmente a tecnologia chegue até 2030, como o mercado mais otimista comenta, apontando que o setor petroquímico deva trabalhar com esses equipamentos elétricos em 2050 com o novo vetor sendo uma solução.
“É um potencial importante a ser desenvolvido, mas tem que ser visto concatenado com outras soluções, e quando olhamos nossa curva de abatimento de carbono tem coisas que vem antes”, relatou o especialista, falando sobre a priorização dos investimentos para um dos industriais mais eletrointensivos do país, com consumo de 700 MW médios, sendo esse volume 10% de sua demanda energética, visto ser uma fabricante que utiliza majoritariamente processos térmicos.
Gestão energética
Para Ceccucchi, a eletrificação em geral tem se mostrado viável, apesar de não estar colocada de forma tão consolidada na indústria e necessitar também de sistemas de armazenamento que garantam a robustez e confiabilidade dos sistemas. O primeiro desafio é a competência das pessoas para transformar essa indústria, não só pelo engajamento mas pelo desenvolvimento tecnológico.
“Vamos ter que arriscar mais e sair, ser mais ousados, pois as tecnologias ainda não estão consolidadas”, complementa.
A Braskem possui pelo menos dez projetos na área de energia sendo desenvolvidos com parceiros diferentes, seja no segmento eólico, com a Casa dos Ventos e EDF, solar, biomassa, num projeto em que está plantando quase 5 mil hectares de eucalipto, além de eficiência energética e uma unidade de cogeração junto a Siemens.
“Estamos estudando o biometano e a energia vinda da biomassa para descarbonizar a matriz elétrica da empresa, além das usinas eólicas e solares”, acrescenta Ceccucchi, ressaltando e comparando o consumo da companhia a países como Luxemburgo e Uruguai, o que induz a necessidade de uma gestão energética diferenciada para garantir otimização, eficiência e a descarbonização.
Braskem e Veolia investiram nesse ano R$ 400 milhões em unidade de geração de vapor a biomassa (Divulgação)
Ele contou no evento que esse processo foi iniciado há alguns anos, quando a empresa passou a fazer o controle muito mais intenso dos processos em que utilizava eletricidade, com o preço horário definindo de maneira automática a operação da fabricante em suas unidades, conseguindo definir da melhor forma a opção pelo acionamento de uma máquina elétrica ou uma turbina em função do custo energético de determinado momento.
“Projetamos resina e fazemos algo similar para energia, otimizando todo processo dinâmico energético dos próximos meses, vendo qual combustível irá utilizar e as flexibilidades possíveis”, lembra o dirigente, destacando ainda a necessidade de renovação dos ativos da década de 70 e 80, quando o setor elétrico era muito diferente.
Para o executivo, mais do que o crescimento da capacidade de negócios, o desafio é como a companhia irá se transformar em uma indústria que tem a capacidade de fazer a substituição de suas máquinas e equipamentos cada vez mais conectadas com o advento da energia limpa e as questões ESG.
“Fizemos um programa de descarbonização robusto nesse último ano e é incrível como esse tema reúne as pessoas, com mais de 200 colaboradores da empresa”, ressaltou. Por fim, Gustavo Ceccucchi destacou duas metas da companhia: neutralidade em carbono até 2050 e antes disso, mais diretamente reduzir em 15% as emissões do escopo 1 e 2 até 2030.