A Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares consolidou um estudo para mostrar aos candidatos a presidente da República o potencial que a tecnologia nuclear possui, não apenas para a geração de energia, mas também para segurança alimentar e medicina. De acordo com o presidente da associação, Celso Cunha, o avanço depende de investimentos, em grande parte do governo, flexibilização regulatória e melhor arranjo dos processos produtivos.
No documento, Cunha reforça ainda que o Brasil tem uma história nuclear e uma base produtiva que permite o avanço e a consolidação do país como grande player no cenário mundial da tecnologia nuclear, ressaltando que este avanço depende da execução de planos de investimentos onde o estado brasileiro tem um papel primordial. Somente na construção de novas usinas já previstas no Plano Nacional de Energia 2050 que estima a adição entre 8 GW e 10 GW de energia nuclear no país -, os investimentos, se houver flexibilização das regras, podem atingir entre US$ 56 bilhões e US$ 70 bilhões.
Dentre outros temas, a associação diz que a participação da iniciativa privada na construção de Angra 3 e na extensão da vida útil de Angra 1 e 2, e a edificação de novas usinas, seria beneficiada pela flexibilização do marco regulatório. Para justificar a expansão, o estudo da Abdan destaca que o custo da energia nuclear pode ser cinco vezes menor do que o gerado pelas usinas a gás.
O documento prevê que entre 2023 e 2026 serão feitos investimentos de R$ 20 bilhões na usina Angra 3 – cujas obras estão para serem retomadas ainda em 2022; R$ 3,3 bilhões para a extensão da vida útil de Angra 1; e mais R$ 2 bilhões para a modernização de Angra 2, gerando nove mil empregos.
Outro destaque é que a tecnologia nuclear está crescendo globalmente em aplicações para a energia elétrica – 55 reatores estão sendo construídos no mundo , para atividades como medicina nuclear, irradiação de alimentos e propulsão, entre outras. Para aumentar a mineração e beneficiamento do urânio, por exemplo, a proposta é de permitir a atuação do setor privado, o que poderia gerar divisas de US$ 20 milhões por ano.