A REPower EU, iniciativa da União Europeia para reduzir a dependência do óleo e gás russos, foi considerada por Miguel Setas, membro do conselho da EDP, como um quadro regulatório fundamental para a Europa neste momento que o continente precisa. No rol de medidas está a aceleração de renováveis. “É um pacote muito bem estruturado”, afirma. O executivo, que participou de painel na Rio Oil & Gas na última segunda-feira, 26 de setembro, vê a implementação das metas como o grande desafio da iniciativa, como a de duplicar a capacidade instalada de energia fotovoltaica até 2025 e atingir 600 GW até 2030.
Durante o painel, que tratava do papel da agenda ESG no futuro da nossa indústria, Setas lembrou que o caminho é difícil, já que há uma guerra e as mudanças climáticas estão cada vez mais presentes no dia a dia das populações. Para ele, a execução das metas ambientais estipuladas pelas empresas aparece como estímulo a ser seguido. “O desafio é fazer acontecer, implantar as nossas visões a longo prazo”, avisa. Setas avalia que o Brasil se encontra em posição privilegiada na transição, por ter uma matriz diversificada. “O Brasil será o epicentro da revolução verde”, aposta.
O executivo contou ainda que a descarbonização na indústria de óleo e gás pode levar a investimentos em energia limpas para a eletrificação de plataformas, indo desde a eólica offshore ou outras renováveis como o hidrogênio verde para suprir essas estruturas. “Há uma complementaridade clara entre a atividade de extrair e refinar e as fontes de energias limpas”, ressalta.
Para Luisa Palacios, da Columbia University, o ESG não vai sair do foco de atenção e que mesmo sem ser uma panaceia, haverá um esforço para deixar os negócios sustentáveis. Segundo ela, há uma vontade das empresas de estar sempre na dianteira das melhores práticas de ESG. Luisa também considera que a indústria de O&G deve parar de pensar que é um problema e se apresentar como parte da solução. “Para a descarbonização ser feita, tem que haver a união de todos”, comenta.
Karina Litvack, da ENI, o ESG na indústria de óleo e gás é um grande desafio e que não deve haver a ilusão que sem a transição energética poderá haver algum tipo de vantagem. Sobre a crise energética na Alemanha, ela acredita que decisões como a redução da fonte nuclear e a forte aposta no gás russo podem ter contribuído para o atual panorama.