O Instituto Pólis realizou um estudo onde mostra que negros e famílias de baixa renda são as pessoas mais afetadas por problemas no acesso à energia elétrica em três capitais de diferentes regiões brasileiras: Rio de Janeiro (RJ), Maceió (AL) e Rio Branco (AC). Os dados apontam que, para as famílias com rendimento mensal de até dois salários mínimos, o principal uso da energia elétrica é para a conservação de alimentos, o que indica risco de insegurança alimentar para essas pessoas. Confira o estudo completo aqui.

Através de informações fornecidas pela Aneel, a pesquisa foi elaborada via Lei de Acesso à Informação (LAI), com dados desagregados por Unidades Consumidoras (UC) de quase todas as distribuidoras de energia do país. As variáveis informam indicadores de consumo, interrupção do serviço, além de classificar o tipo de uso, residencial, comercial, entre outros. A identificação do CEP da unidade consumidora permitiu o georreferenciamento dos indicadores e a territorialização do estudo.

Além da desigualdade no acesso, outro problema apontado é a falta de qualidade do serviço em bairros com altos índices de vulnerabilidade social nas cidades pesquisadas. A falta de qualidade resulta em interrupções no fornecimento e risco de acidentes, quando não há rede oficial de distribuição. Segundo as informações levantadas, o número de famílias pobres energeticamente tem aumentado. “O estudo do Pólis mostra que o Estado brasileiro tem sido negligente em garantir o direito à energia para as famílias mais pobres”, afirma Clauber Leite, coordenador do estudo.

Quanto à iluminação pública, 81,8% dos domicílios cariocas possuem postes de luz em seu entorno imediato, o que indica uma cobertura deficiente na cidade. Entretanto, o serviço é ainda mais deficitário em áreas de favela, onde a cobertura é de apenas 41,0%. Na capital fluminense, apenas 67% dos domicílios em aglomerados subnormais (nomenclatura usada pelo IBGE para identificar ocupações irregulares em áreas urbanas) possuem energia elétrica proveniente de companhia distribuidora e com medidor com uso exclusivo. A existência do serviço também é identificada em mais 33% dos domicílios do município localizados nessas áreas, no entanto, trata-se de energia proveniente de outra fonte que não a distribuidora.