Foi dada a largada para a transição energética, e esse processo deve ocorrer de forma justa e inclusiva. Mas qual a velocidade adequada considerando os custos de transformação da infraestrutura para fornecimento de energia e dos investimentos a serem feitos?

O painel “Custos e oportunidades sociais na descarbonização” apresentado na última terça-feira, 27 de setembro, na Rio Oil & Gas trouxe à tona esses questionamentos. Para Rodrigo Vilanova, CEO da Galp, a transição energética não vai ocorrer ao mesmo tempo e em todos os locais. Muitas questões interferem nesse processo, como por exemplo, questões geopolíticas. O Brasil tem a oportunidade de ser um dos principais motores de exportação energética. Hoje o mundo conta 80% do consumo de energia proveniente de combustíveis fósseis e a meta é que se reduza para 60% até 2030. Para que esse objetivo seja alcançado será necessário uma redução de 15% por ano, no entanto, tudo depende também de questões climáticas.

“As pessoas precisam entender que a transição energética é um processo, não é uma tomada que clicamos e está feito”, ressaltou Vilanova.

(Divulgação: CanalEnergia)

Para Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, para se realizar a transição energética é preciso pensar em questões chaves e o que envolve cada uma delas que são: Política (Geopolítica), Social, Econômica, Financeira e Tecnológica. Quando todas essas questões estão envolvidas, é possível colocar o Brasil como potência, e assim, assumir responsabilidades que o torna capaz de gerir suas fontes de energia. No entanto, Elbia destacou que se tivesse que mencionar uma palavra chave para esse processo, seria “desenvolvimento tecnológico”.

“É preciso entender que estamos em uma trajetória de transição energética. O caminho é para frente, com redução de custos e evolução de aprendizado. O vetor é progressivo, só não sabemos em que velocidade será essa evolução”, destacou Elbia.

De acordo com Relatório de Avaliação divulgado pelo IPCC sobre Mudanças Climáticas e mencionado por Raquel Coutinho, Gerente de Quantificação e Transparência em Emissões e Eficiência Energética da Petrobras, nos cenários mais drásticos e com baixas expectativas foi possível observar que o petróleo e o gás continuam nesse ambiente controlando a temperatura global. “As políticas públicas e propostas ESG das empresas precisam ser quantificadas. O natural da transição é começar pelos meios mais fáceis e mais baratos”, apontou Raquel.