De fato a transição energética chegou para ficar, mas isso não quer dizer que todos conseguirão acompanhar essas mudanças. Ainda que esse processo seja inevitável, não seria trivial abrir mão da segurança energética, para quem os combustíveis fósseis ainda desempenham um papel protagonista. Algumas soluções podem viabilizar, nesse sentido, um meio-termo entre o caminho de transição e a segurança energética, como a tecnologia de captura, uso e armazenamento de carbono.

É preciso acelerar a transição energética limpa. É preciso focar em fontes que tragam segurança energética e cause o menor impacto possível no meio ambiente. Foi com essa fala que Clarissa Lins, da Catavento Consultoria, abriu o painel “Segurança energética em um momento de transição”, na última quarta-feira, 28 de setembro, na Rio Oil & Gas. Diante do cenário da guerra entre Rússia e Ucrânia, e a alta volatilidade dos preços, a Europa se viu obrigada a fazer escolhas estratégicas por fontes alternativas para sobreviver e organizar sua segurança energética

Para Irina Slav, da Energy Writer, a Rússia vai continuar exportando petróleo e gás porque precisa do mercado europeu, até mais do que os países europeus precisam do gás da Rússia. Esse fornecimento parou principalmente para Alemanha, que tem passado por momentos bem difíceis para manter a segurança energética. Os outros países estão procurando outras formas além do gás da Rússia, energias que sejam essências para eles. “A retirada dos combustíveis fósseis vai ser mais difícil do que o esperado. A energia nuclear começou a ser outra energia essencial na Europa devido essa crise com a Rússia”, apontou Irina, que não acredita que a Europa e nem ninguém possa fazer a transição energética nesse momento.

(Divulgação: Rio Oil & Gas)

Diante do questionamento se a segurança energética baseada nos combustíveis fósseis foi a saída para segurar a crise do momento, Carlos Pascual, Vice-presidente de Energia Global da IHS Markit, destacou que a mudança climática é real e que será preciso repensar a forma de consumo. “Temos que falar da transição e segurança energética como um pacote e como isso vai influenciar o nosso futuro”, ressaltou.

“Estaríamos passando por isso mais cedo ou mais tarde. A guerra na Ucrânia só trouxe isso para o foco de forma mais abrupta. Algumas vezes precisamos de um choque no sistema para falar menos de alguma coisa e realmente começar a agir “, apontou Pratima Rangarajan, CEO da OGCI. Algumas regiões da Europa, China e EUA estão aumentando os investimentos em renováveis para tentar suprir essa necessidade de outras energias e diminuir sua dependência.

“Muitos países querem passar por essa transição, mas se quer sabem por onde começar. Qualquer crise ou demanda precisa de uma ação. Tanto energia solar quanto eólica, nada é de graça, precisamos conversar com as empresas sobre demanda e não só sobre eficiência energética”, complementou Rangarajan.

Carlos Pascual encerrou o painel destacando que quando falamos em recursos disponíveis, o Brasil é um país promissor. “No momento quando falta óleo no mundo, o Brasil cresce na produção. Nenhum outro país no mundo possui a capacidade que o Brasil tem de energias renováveis, principalmente na fonte solar. O Brasil pode ser o líder na segurança da transição, é muito importante ressaltar isso”, finalizou.