Muito se fala em geração de energia eólica onshore e offshore, só que as diferenças vão muito além do local em que a turbina com pás ficará instalada, que é em terra ou no mar. A parte mais desafiadora para o desenvolvimento de projetos offshore, segundo os participantes do painel “Desenvolvimento do mercado de geração de energia eólica offshore no Brasil – desafios e oportunidades”, que aconteceu nesta quinta-feira, 29 de setembro, na Rio Oil & Gas, é a questão de logística, que requer 40% de atenção dos projetos.

“O primeiro ponto é o alinhamento estratégico. Temos um propósito grande na sustentabilidade e na transição energética, mas um fator principal é desenvolver uma base logística forte. É preciso estabelecer uma cadeia de serviços”, destacou Andre Salgado, presidente da EDF-Re Brasil. O executivo falou que num passado não muito distante ninguém acreditava na offshore e hoje ela é uma realidade. No entanto, para se desenvolver, é necessário uma regulamentação clara, investimentos para que as empresas possam se instalar, desenvolver cadeia logística, entre outros. “Tem que criar uma cadeia global e o Brasil pode se tornar um hub, isso vai determinar a competitividade da offshore”, concluiu.

Para Laura Porto, diretora executiva da Neoenergia, a demanda no Brasil precisa crescer. A executiva vê uma pequena oportunidade no mercado regulado, já no mercado livre vê uma possibilidade maior no futuro. “A maior preocupação da Neoenergia é uma lei que dê segurança jurídica para o investidor pensar à longo prazo. O futuro da offshore é no mercado livre, o que é uma vantagem muito competitiva”, avaliou a executiva, que completou dizendo que um bom marco regulatório permitirá construir isso tudo junto.

(Divulgação: CanalEnergia)

As eólicas offshore no Brasil são desenvolvidas para águas rasas, diferentemente do que é projetado para outros países. Rogerio Zampronha, CEO da Prumo Logística, informou que 160 GW de offshore já pediram licença ambiental no Brasil, todos de água rasa, que são instalações de até 50 metros de profundidade. Já a offshore flutuante encarece o MWh devido a um projeto mais detalhado na logística.

Pensar num projeto eólico offshore é como é com pensar numa floresta. Para as árvores crescerem, é preciso plantar, e depois é uma questão de tempo e maturação, analisou Andre Leite, Diretor da Equinor Brasil. “Talvez o caminho para chegar nessa competitividade seja reduzir custos. O primeiro que me vem à mente é dedução da carga tributária, depois pensar em pólos regionais com estratégias mais amplas, mas de fato, o ponto de partida é um marco regulatório, uma política energética que diminua custos e traga emprego, renda, e com isso, investimentos em novas tecnologias”, explicou.

Já o destino das eólicas offshore no Brasil, segundo Laura, será de um presente e um futuro bem promissor, “Vejo a offshore fazendo parte da matriz energética do país num curto espaço de tempo”, encerrou.