A Lei de Redução da Inflação (IRA) de 2022 norte-americana, anunciada em agosto pelo governo de Joe Biden e criada para reduzir o déficit e diminuir a inflação enquanto investe na produção doméstica de energia, pode beneficiar o Brasil. A edição de setembro do Energy Report, produzido pela PSR, aborda o tema. A diversidade da matriz brasileira para a descarbonização da economia faz com que o país seja um espectador dos avanços dessa política no médio e longo prazo, podendo incorporar as melhorias tecnológicos da IRA. No curto prazo, as cadeias de suprimentos globais de renováveis serão afetadas.
Uma análise preliminar indica que um maior investimento em eólicas e solares vai reduzir o capex dos equipamentos no médio prazo. No curto prazo, a PSR vê chance de ocorrer uma alta nos preços das máquinas – ‘greenflation’ – causada pela procura maior que a oferta, como em 2005, quando houve o chamado ‘boom’ das eólicas. A primeira licitação para contratar eólicas no Brasil em 2008, enfrentou problemas com fabricantes pela forte procura na época na Europa e Estados Unidos.
Ainda de acordo com a PSR, é difícil prever essa inflação verde nos equipamentos renováveis pelo desacoplamento entre China e EUA. A política norte-americana dá incentivos para a fabricação local, que somadas às transferências de indústrias para os EUA, pode levar a um excedente de estoque na China que beneficiaria o Brasil.
Na área de baterias, há mais chances de ‘greenflation’ pelos gargalos na mineração de lítio. Para a consultoria, esse cenário de limitação faz com que o Brasil olhe para outras opções, como usinas reversíveis. Apesar de considerar que ainda é cedo para uma análise mais sólida, o relatório pede atenção pata o caso do hidrogênio verde, os subsídios que vão adiantar em quase uma década a viabilização do energético pode ser uma ameaça aos investimentos dessa fonte no país, uma vez que a demanda europeia poderia ser suprida elos EUA.
O relatório da PSR também acredita que o IRA deve acelerar investimentos em novas tecnologias nucleares, já que China e Rússia tinham tomado a liderança na área nuclear dos EUA. Na captura de carbono. a recomendação é e aguardar qual a melhor tecnologia e avaliar a que traz mais vantagem competitiva para o Brasil.