A Agência Nacional de Energia Elétrica não concluiu os estudos e as simulações sobre o cenário tarifário do ano que vem, mas já prevê um efeito do repasse antecipado de alguns recursos que ajudaram a amortecer as tarifas em 2022. Haverá impacto também da alta dos combustíveis e dos empréstimos contraídos em 2021 e 2022 para diluir despesas que teriam de ser pagas ao setor.
A autarquia vinha usando parcela dos créditos tributários disponíveis de PIS e Confins nos processos tarifários, mas foi obrigada por lei a repassar integralmente os recursos. Teve casos de distribuidoras com reajuste negativo, quando o ideal seria ter feito, no mínimo, o repasse da inflação. “Nós temos situações, por exemplo, no estado de Minas Gerais, que são três anos sem reajuste. Isso tudo tem impacto”, disse o diretor-geral da autarquia, Sandoval Feitosa.
Outro ponto que preocupa a agência é a questão da Conta de Desenvolvimento Energético, que recebeu esse ano uma antecipação de R$ 5 bilhões da Eletrobras. No ano que vem, o valor resultante da privatização da empresa será reduzido a R$ 500 milhões.
Em 2023, começa o pagamento do financiamento da conta escassez hídrica e tem a continuidade da amortização da conta covid, que começou a ser paga esse ano. Há, ainda, o custo da transmissão, cujas contratações tem sido bastante intensas, e o da compra de energia.
Embora esteja em situação mais confortável que os países europeus em relação aos impactos do conflito na Ucrânia, o Brasil continuará pressionado pelo preços dos combustíveis. Feitosa lembrou em café da manhã com jornalistas na última sexta-feira, 07 de outubro, que entre 20% e 30% da conta de energia é para remunerar as usinas térmicas, que tiveram o custo elevado devido ao alinhamento aos preços internacionais. “O preço do gás e do óleo tem sofrido pressão bastante na Europa, e isso se repete aqui.”