A indústria eólica global redigiu uma carta por ocasião da Reunião dos Ministros das Finanças e Governadores dos Bancos Centrais do G20 em Washington onde defendem que o investimento em energias renováveis podem tirar o mundo da atual crise energética e mudanças climáticas.
A carta aberta foi divulgada nesta terça-feira, 11 de outubro, e aponta que a solução das crises e a forma de evitar outras semelhantes no futuro, bem como proteger as pessoas e o planeta, passa pela cooperação e uma mudança urgente do sistema energético atual para um mais limpo e seguro baseado nas renováveis.
O grupo sinaliza que o atual cenário de fornecimento de energia, preços de commodities em alta, conflito geopolítico, inflação crescente e eventos ligados às mudanças climáticas, como seca, incêndios florestais e inundações, apenas destacaram a necessidade de uma forte ação internacional coletiva para garantir o crescimento econômico global, estabilidade e prosperidade.
Lembrou ainda que “o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas deixou claro que é ‘agora ou nunca’ se levamos a sério a limitação do aquecimento global a 1,5°C. As ações necessárias são drásticas, exigindo que as emissões globais de gases de efeito estufa atinjam o pico antes de 2025 e diminuam pela metade até 2030. A boa notícia é que temos as ferramentas, tecnologia e know-how para realizar uma redução substancial no uso de combustíveis fósseis e uma rápida expansão de energias renováveis apoiando os princípios de proteção do meio ambiente e da natureza”, destaca na mensagem.
Outro ponto positivo dessas ações é que estas também podem reforçar o sistema energético global para reduzir a exposição à volatilidade dos preços e à dependência das importações ligadas aos combustíveis fósseis. Argumenta que um crescente corpo de evidências mostra que a mudança para energia renovável resultará em enormes economias líquidas para a economia global, apoiando uma transição energética justa e equitativa e um futuro habitável para todos.
“A energia eólica é uma das tecnologias de energia mais competitivas, maduras, ilimitadas e rapidamente implantáveis que temos hoje. É de origem local, por isso é bom para a segurança energética. E da Europa à Ásia, a energia renovável oferece energia cada vez mais estável para manter as luzes acesas e apoiar o crescimento econômico e a descarbonização”, afirmam os signatários.
E reforça o histórico de segurança e inovação no setor de energia, criando turbinas eólicas cada vez mais eficientes, bem como uma força de trabalho global de 1,4 milhão de pessoas. O ganho de escala reduziu os custos da energia eólica, a ponto de os custos médios globais para novos projetos eólicos onshore serem cerca de 40% menores do que para novos projetos de energia a carvão ou a gás.
Lembra que a maior parte dos países que integram o G20 já exploram a fonte eólica e que há muito mais por vir com a geração offshore. E que no ritmo atual de crescimento, estamos no caminho certo para atingir menos de dois terços da capacidade eólica global necessária até 2030 para um caminho zero líquido e compatível com Paris.
Por isso, na carta aberta aponta para nove áreas de ações urgentes para reverter o atual cenário. Entre essas estão a ampliação da ambição e maiores volumes de energia eólica como parte de um mix de energia sustentável, agilizar com urgência os esquemas de licenciamento para projetos de energia renovável em escala de rede para acelerar a implantação da fonte, comprometer-se com planos de ação para construir rapidamente redes elétricas para integração de energia renovável e descarbonização intersetorial, evoluir os mercados de energia para enviar sinais de investimento significativos em linha com segurança energética e metas líquidas zero.
Assinam a carta, 20 presidentes de entidades, empresas e associações que atuam em diversos países. A representante brasileira é a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum. E há ainda, Ben Backwell do GWEC, Ignacio Galán, CEO da Iberdrola, Jochen Eickholt, CEO da Siemens Gamesa, Miguel Setas, da EDP. A carta aberta original, em inglês, pode ser acessada em sua íntegra por meio deste link.