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A Sterlite Brasil começa a dar os primeiros passos para iniciar as obras de seus dois novos projetos, os lotes 5 e 9 arrematados no leilão realizado em 30 de junho. Enquanto aguardava a assinatura dos contratos, ato que ocorreu na primeira semana de outubro, a companhia já estava desenvolvendo ações preparatórias como a parte fundiária, ambiental e de engenharia. Isso para poder buscar o adiantamento da entrega dos ativos. Apesar de estar cedo, a meta é de entregar os lotes, que já ganharam nome, com pelo menos um ano de antecipação ante o contrato de concessão.
Quem fez a afirmação é o CEO da empresa, o indiano Amitabh Prasad, que recebeu a Agência CanalEnergia na sede da empresa, em São Paulo. Ele contou que antes desses dois projetos, a companhia deverá entregar até o final de novembro o terceiro ativo 100% operacional do ano. Em 2023 estão no radar mais três outros e esses mais recentes ficam para 2025.
“Estamos com bastante atividade para entregar todos esses projetos que são de alta qualidade e diferentemente de outros ficarão em nosso portfólio”, comentou o executivo. “Além disso, temos ainda duas autorizações de reforço em Borborema e Solaris para ampliação da capacidade com Borborema II e Solaris II”, relacionou ele. Os novos projetos receberam o nome de Serra Negra (lote 5) e de Tangará (Lote 9). Para 2023 estão no foco de atuação da empresa a entrega de São Francisco, Marituba e Jaçanã.
Mas a conclusão das obras enfrenta desafios que são específicos para cada projeto. Contudo, lembra ele, há alguns pontos em comum, como o grande número de proprietários de terra ao longo do trajeto das linhas de transmissão. Mas há outro que ainda vem tirando o sono não apenas da Sterlite mas de todo o setor que é a limitação na hora de adquirir aço para os projetos. Prasad destacou que o setor ainda não possui liberdade para buscar as melhores condições. E que isso poderá amplificar o problema a partir de 2023 uma vez que está previsto um grande volume de novos ativos de transmissão a serem leiloados. Segundo estimativas da EPE, reveladas no leilão de junho deste ano, o valor dos aportes deve se aproximar de R$ 50 bilhões.
“Essa questão pode se tornar um gargalo bastante importante, será muita gente querendo comprar e poucas empresas com o produto para vender”, alertou. “A capacidade de atender a demanda é limitada no país e isso cria dificuldades, não é um mercado que estimule a competitividade”, criticou.
Por ser um período ainda cedo para a aquisição dos equipamentos e do material, a Sterlite ainda não tem o quando poderá reduzir o capex desses dois projetos arrematados. Para lidar com essa incerteza, o executivo destaca que tem que buscar instrumentos de hedge no mercado para proteger-se das variações mais bruscas de valores que não só estão atreladas ao dólar como no mercado nacional, mas dos preços no mercado internacional. Outra preocupação está no que se refere à disponibilidade de mão de obra, mesmo ponto de atenção já destacado por outros agentes deste segmento.
Tanto é assim que Prasad ressaltou que a consequência já começa a ser vista, a redução do nível de deságios nos leilões da Aneel. E em sua análise abrir o mercado nacional ao aço importado é apenas um passo que ajudaria não somente na questão econômico-financeira, mas a viabilizar as obras por não existir capacidade de atendimento a toda a demanda que se vislumbra nos próximos anos. Ainda mais agora, que muitas siderúrgicas na Europa estão paralisando a operação por conta da crise energética por lá, fato que ajuda a estrangular a relação entre oferta/demanda e, consequentemente, elevar o preço.
Em paralelo a isso, Prasad lembrou que a Sterlite, que vendeu alguns ativos recentemente, manterá os atuais projetos em seu portfólio porque considera de alta qualidade com sinergias e que isso é interessante. E ainda, sinaliza que poderá entrar no certame de dezembro e também avaliará os lotes de 2023, no qual considera até mesmo participar de consórcio que poderá, eventualmente, ser formado caso o tronco HVDC seja colocado em disputa, conforme projeta a EPE.
Mas avisa que a empresa não está no mercado para ofertar lances irreais, mas sim, de forma responsável para promover seu crescimento e o do sistema de transmissão de forma sustentável. “Vamos avaliar os lotes futuros de forma cautelosa temos 20 parâmetros internos que analisamos para verificar se um ativo faz sentido para nós”, contou.