A fabricante de aerogeradores chinesa Goldwind quer produzir as suas primeiras turbinas no Brasil – sob as regras do Finame – em 2024. Em painel do Brazil Windpower realizado nesta quarta-feira, 19 de outubro, Roberto Veiga, Deputy General Manager Brazil da Goldwind, revelou que a fábrica ficará localizada na região Nordeste, mas o local ainda não está definido, por depender ainda de negociações com governos estaduais. “Acredito que depois do período eleitoral teremos a decisão do local da fábrica, mas está tudo bastante adiantado”, avisa.
A fábrica no Brasil também seria responsável por atender a demanda da costa leste da América. A costa oeste ficaria com a matriz chinesa. A disputa está sendo travada entre Ceará, Pernambuco e Bahia, que abrigam um grande número de fornecedores.
A turbina brasileira terá potência de 6 MW a 7,8 MW e será dotada de uma nova tecnologia. O valor dos investimentos na planta ainda não está definido. O aerogerador que será fabricado no Brasil ainda não foi contratado por nenhum cliente, mas começará a ser oferecido ao mercado a longo do ano que vem. Hoje as máquinas da Goldwind oferecidas no mercado nacional são importadas e essa nova máquina vai permitir ofertas que se enquadrem no financiamento do BNDES e BNB. A potência da turbina irá depender de fatores como o local da usina, o tamanho e o material da torre. “São elementos a serem considerados para a potência da turbina”, explica.
A opção pelo Finame vem devido ao seu tempo de financiamento e apostar na cadeia local do Brasil, já que os custos e a insegurança estão altos. Com a experiência de já ter instalado mil aerogeradores offshore na costa da Ásia, o executivo conta que a Goldwind foi procurada pelo BNDES para saber o que seria possível para fabricação de conteúdo local. Segundo Veiga, a fabricação deve ficar localizada mais próxima ao mar, com os estaleiros levando vantagem na disputa. “Vislumbramos o mercado como o mais promissor depois do mercado chinês, tanto onshore como offshore”, comenta.
A Goldwind já tem 1 GW na América do Sul, com metade do total divididos entre Brasil e Chile. A fabricante, que chegou ao país primeiro fazendo manutenção, quer conquistar o mercado brasileiro ofertando os projetos de maneira crescente. “Não queremos pegar o mercado de uma vez, vamos trabalhar para pegar a confiança dos investidores e aí pegar a confiança do mercado”, aponta.
Para atingir no Brasil o mesmo resultado que alcançou no mundo, em que é a segunda maior fabricante de turbinas, com 50 mil máquinas instaladas, Veiga aposta no tempo. “Tem que haver um trabalho bem feito e temos um grupo de pessoas experientes que pode transformar isso em realidade”, observa.