O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social atualizou os valores utilizados na metodologia preço de suporte que são usados no financiamento de projetos de geração no mercado livre. Os novos patamares que o banco de fomento definiu na semana passada são de R$ 180, R$ 160 e R$ 150 por MWh. A elevação em termos reais, ou seja, acima da inflação, variou de 3% a 10%.

A informação foi revelada pelo superintendente da Área de Energia do BNDES, Daniel Barreto, logo no início de sua participação no painel Financiabilidade da indústria eólica: perspectivas e compromissos ESG, que encerrou o segundo dia do Brazil Windpower 2022, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia, by Informa Markets, Abeeólica e GWEC, em São Paulo.

A instituição financeira apontou que essa atualização poderia ter sido feito antes. Contudo, a questão da crise hídrica do ano passado que levou à uma forte instabilidade do preço da energia levou o banco a esperar um momento mais prudente para aplicar a mudança. Com a melhoria das condições que trouxeram um cenário de maior normalidade, revisitaram a metodologia e verificou-se que os valores precisavam ser atualizados.

Segundo a análise, que o BNDES fez, foi verificado que o preço suporte que data ainda de 2019 estava limitando os projetos e que fazia sentido alterar os valores. “Com essa alteração, os investidores podem ter maior alavancagem de seus projetos”, avaliou Barreto.

Outra ação do BNDES em relação à eólica é o desenvolvimento de um estudo para implementar uma política de financiamento à offshore. A previsão é de que deverá ser lançada no início de 2023. “O banco estuda o tema, está conversando com a cadeia de fornecedores e tem rodada de conversa com os investidores, não queremos fazer nada sozinhos, queremos entender junto com o mercado”, destacou o executivo. “Esperamos finalizar esse estudo até o final do ano e em 2023 estar com o política pronta”, revelou.

Barreto disse que a falta do marco regulatório não é um problema até porque as coisas andam em paralelo. Contudo, o conjunto de regras é importante para os investimentos saírem do papel e assim o banco ter o que financiar. Mas reforçou que independente disso o BNDES está se preparando para quando a necessidade do financiamento chegar.

E a nova lei do câmbio, que entra em vigor no final do ano de 2022 é um instrumento que deve ajudar a destravar outra frente, a de financiamento de PPAs em dólar para exportação. A lei, disse Barreto, pacificou as regras e dúvidas jurídicas a esse respeito. E com isso, no setor de energia a eólica offshore e o hidrogênio verde podem se beneficiar uma vez que há a perspectiva de financiamento para produtos verdes sejam eles industriais ou o próprio energético, quando chegar esse momento.