O hidrogênio verde hoje é visto como muito promissor por conta do Net Zero e também pela lucratividade e ele poderá ser produzido no Brasil com menor custo com ajuda da fonte eólica. O country manager da Fortscue, Luiz Viga, declarou que o Brasil, apesar de ter uma vantagem competitiva, tem que ficar atento ao que acontece em outros países, pois é um mercado de trilhões de dólares. “Só nos Estados Unidos foram anunciados investimentos na ordem de US$ 400 bilhões em hidrogênio verde, eólica e solar. Eles já viram que esse mercado é extremamente promissor e querem liderar o mundo nesse segmento”, disse.
Ele ainda alertou que a energia eólica vem para agregar e o governo precisa estar atento e fazer investimentos para começar a dar os primeiros passos. “Essa é uma alternativa boa para nós explorarmos também”, afirmou.
Segundo o executivo, há três anos a Fortscue começou a olhar o hidrogênio e realizou uma jornada pelo mundo em relação aos potenciais recursos de hidrogênio. “Nessa jornada a empresa encontrou oportunidades em 100 projetos no mundo. Vemos com bons olhos o futuro do offshore e o potencial energético que ela tem. O Brasil traz condições boas com recursos energéticos, com recursos eólico e solar a preços competitivos”, ressaltou Viga durante painel do Brazil Windpower na última quinta-feira, 20 de outubro.
Já a analista da BloombergNEF, Natalia Castilhos Rypl, destacou que cerca de 35 países já lançaram suas estratégias para hidrogênio. E aqui na América Latina, o Chile foi o pioneiro. “A região tem um grande potencial, pois tem custos de produção mais baixos”, disse. E diante deste cenário, a América Latina, numa demanda geral a longo prazo, vai querer exportar o hidrogênio para outros países como Europa e aqueles que não tem condições de produzir o que vão consumir. “Os países da América Latina estão olhando para os europeus como os principais potenciais consumidores”.
Ela ainda declarou que a demanda de alguns setores será mais fácil de adotar o consumo de hidrogênio, como os que utilizam o hidrogênio cinza, por questão de substituição. Entre eles: refino de petróleo, produção de amônia e alguns dos setores com grande potencial consumo como o aço e alumínio.
Segundo Natalia, a eólica offshore no Brasil deverá crescer cerca de 10 vezes até 2035 e outros países vão começar a entrar nesse mercado. “Em 2027 os EUA deverão apontar como um mercado importante e deverá ser o terceiro maior mercado de eólica offshore no mundo em 2035, atrás de China e Reino Unido”, explicou.
Vale destacar que aqui no Brasil alguns projetos de eólicas offshore estão localizados próximos a portos que organizam hubs de hidrogênio. “O ideal é juntar as duas tecnologias. Mas é necessário quatro fatores para produzir hidrogênio a partir da eólica offshore: recursos naturais, disponibilidade de terras, segurança energética e a proximidade da produção de hidrogênio com o consumo”, destacou Natalia.
O diretor executivo de desenvolvimento de negócios da Prumo Logística, Mauro Andrade, afirmou que o objetivo é industrializar o Porto do Açu com energia renovável. “Já temos acordos para desenvolver pequenas escalas de hidrogênio e outras parceiras estão no nosso foco, porém o objetivo é usar o hidrogênio como forma de industrialização dentro do porto. O foco no porto é a industrialização de baixo carbono. Um porto verde e altamente competitivo”, ressaltou.
Na mesma linha, o diretor de operações da Qair Brasil, Gustavo Rodrigues Silva, disse que o hidrogênio acabou aparecendo como um catalisador do sonho de promover a descarbonização da sociedade. “O Brasil aparece como um dos principais mercados e precisa ter um posicionamento estratégico nesse segmento. Já temos 500 MW em operação no mercado brasileiro e o hidrogênio é o principal vetor”, disse.