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A Siemens Gamesa, uma das grandes fabricantes de aerogeradores do mundo, avalia que o desenvolvimento da eólica offshore no Brasil será impulsionado pelo hidrogênio verde. Um dos motivos é o custo da tecnologia que ainda é duas vezes mais elevado que a versão onshore na instalação e de cinco vezes para a manutenção. Por isso, é necessário escala e aproveitar toda a energia gerada e ter um mercado com demanda intensiva é a resposta.
Essa é a avaliação do diretor geral da empresa no Brasil, Felipe Ferrés. Segundo o executivo, o fator de capacidade de projetos no mar em outros mercados, como o europeu, é o dobro do registrado em terra, já por aqui essa diferença é bem menor, está em 55% no onshore e 65% no mar. “Diante da demanda por energia que há atualmente os projetos só serão viáveis em três décadas”, calculou ele em entrevista à Agência CanalEnergia no Brazil Windpower 2022.
Ele contou que estudos da Siemens Energy em relação ao hidrogênio verde no país é de que a produção desse insumo no formato de amônia, por exemplo, estaria 30% mais barato por aqui do que o H2 cinza o que abre uma margem interessante para quem investe nessas plantas. Isso, ressaltou ele, vai ao encontro da transição energética e o net zero que é buscado por países europeus, ainda mais agora com o preço do gás natural batendo recordes por conta da guerra Rússia/Ucrânia.
“Eu tenho um passado na indústria térmica, o gás na Europa chegou a US$ 30 por milhão de BTU, já houve casos em que a carga do navio valia mais que a própria embarcação e isso porque a carga era de gás”, citou.
Em sua análise, a tendência é de que o custo continuará alto para o combustível fóssil, apesar de não se saber quanto tempo. Então, é um momento em que o H2 Verde tem espaço para ocupar o mercado. Enquanto a offshore não sai do papel, a geração pode ser feita com o onshore que também possui um grande potencial no país. Mas quando acontecer a offshore, aqueles 30 anos citados anteriormente, serão reduzidos para 10 anos.
Até lá é necessária uma mudança na cadeia de fornecedores que precisam adaptar-se para atender a demanda de fabricantes como a Siemens Gamesa. A empresa para o offshore possui um aerogerador de 15 MW, que é mais do que o dobro do maior na versão onshore que pode chegar a até 7 MW.
Por isso, Ferrés acredita que nos próximos 10 anos ainda teremos a geração em terra como a grande protagonista do mercado por aqui. Mas no longo prazo as duas formas coexistirão, cada uma para sua atribuição. “Independente do gás da Rússia, a eólica brasileira é a mais barata do mundo”, destacou.
E há uma combinação de fatores, além de termos a indústria local estabelecida, que mesmo diante da crise de insumos que aumentou o custo de investimento, por aqui foi menor do que em outros locais. O fator de capacidade ajudou a manter o custo. Não é à toa que a fabricante coloca o Brasil como um de seus hubs de compras com a meta de regionalizar o fornecimento para suas fábricas e não depender por exemplo, como a solar, de um país apenas. E assim mitigar efeitos como da elevação do custo de frete marítimo.
“Se não fosse a produção local que existe, com a crise, projetos em geral não teriam se viabilizado, com o nível de custos atual não ficaria de pé”, avaliou. “Hoje sem o Finame o produto brasileiro já é competitivo com outros países, um fator que não ocorria anos atrás”, comparou.
De acordo com dados do GWEC, sobre o desempenho dos fabricantes de aerogeradores em 2021, a Siemens Gamesa também teve um ano recorde com 9,7% de participação no mercado global, subindo duas posições para o terceiro lugar em 2021.