O volume elevado de chuvas no Sudeste e no Sul, aliado às temperaturas abaixo da média histórica em boa parte do país, reduziram em 2,5% o consumo de energia elétrica no Brasil em setembro na comparação ao mesmo período do ano passado.
As informações constam no Boletim InfoMercado Quinzenal da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que aponta queda de 6% no mercado regulado, muito por conta do menor uso de equipamentos de refrigeração como ar-condicionado. O segmento utilizou 40.690 megawatts médios.
Já o mercado livre continua crescendo, tendo consumido 23.629 MW médios, montante 4,4% maior frente ao mesmo mês em 2021. Para a CCEE, a alta é explicada pela maior atividade em setores produtivos importantes, sobretudo aqueles voltados à exportação, bem como pela entrada de novos consumidores.
Como a intensa migração de agentes entre os ambientes pode influenciar os dados, o relatório também apura o consumo desconsiderando o efeito. Neste cenário, o ACL teria um avanço menor, de 1,8%, enquanto o ACR teria registrado um declínio de 4,7%.
Outro fator que influencia é o crescimento da geração distribuída, principalmente dos painéis fotovoltaicos instalados em residências e empresas e que podem reduzir a demanda na rede. Se não houvesse esse tipo de sistema, o consumo do mercado regulado amenizaria a retração para 3,3%.
Atividade econômica e regional
Entre os 15 setores da economia monitorados pela CCEE e que atuam no mercado livre, o maior aumento foi registrado no ramo de Madeira, Papel e Celulose, que, desconsiderando a migração de cargas, avançou 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em seguida, destaque para Extração de Minerais Metálicos (10,8%) e Saneamento (4,4%). Entre os que mais recuaram, estão o Comércio, Transporte e Têxteis, com 8%, 6% e 5,7% respectivamente.
Na análise regional, mais da metade dos estados registrou recuo na demanda em setembro, com destaque para o Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, com 15% e 11%, resultado de um maior volume de chuvas e de baixas temperaturas nestas localidades.
O inverso aconteceu em boa parte da região Norte, onde o clima mais quente aumentou o consumo elétrico, especialmente em Rondônia, com alta de 15%. No Nordeste, o Maranhão teve a maior taxa de aumento do país, 21%, mas o avanço tem relação com o aumento gradativo de um grande consumidor do ACL.
Geração e exportação
A participação das hidrelétricas na produção de energia segue em alta, com acréscimo de 24,8% frente a igual período do ano passado. Consequentemente, as termelétricas ocupam menos espaço no fornecimento e recuaram 57% no último mês. A geração solar registrou alta de 54,9%, enquanto a produção eólica entregou 18,3% a mais de eletricidade.
O Brasil também exportou 893,4 MW médios para a Argentina. Pela contabilização do setor, a venda de excedentes para é registrada como um “consumo” no segmento de Serviços. Levando em consideração esse efeito, o volume demandado total do país teria crescido em 1,1% frente ao mesmo mês do ano passado.