Diante de mais uma demonstração trimestral robusta, a fabricante Weg classificou a redução da pressão de custos com materiais, a variação cambial e a demanda na parte de equipamentos eletroeletrônicos industriais no Brasil e no exterior como os principais fatores para o crescimento de 27,5% na receita operacional líquida ao final de setembro, totalizando R$ 7,9 bilhões.
“Temos ganhado espaço e market share em alguns produtos no Brasil, especialmente em automação e redutores, além dos novos negócios em desenvolvimento para mobilidade elétrica e soluções digitais”, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da empresa, André Salgueiro, durante teleconferência ao mercado na manhã desta quinta-feira, 27 de outubro.
Na ocasião o executivo destacou a parte dos equipamentos de ciclo curto bem pulverizado, sobretudo para os segmentos do agronegócio e mineração, além de aferir um crescimento menor para a solar em 2023, por conta da nova regulação. Assim, em linhas gerais o negócio de Geração, Transmissão e Distribuição na companhia deve ter em 2023 crescimento mais moderado nos últimos três anos, para uma área que tem tido receita estável nos últimos trimestres e incremento considerável na comparação anual, de quase 50%.
“Preenchemos lá atrás a carteira de aerogeradores e o negócio de geração solar está crescendo bastante, mas menos sequencialmente por trimestre, assim como o de T&D, que deve aumentar a capacidade produtiva no Brasil”, comenta Salgueiro.
No mercado internacional Salgueiro salientou uma boa demanda nas principais regiões, com destaque para América do Norte a partir de projetos envolvendo máquinas de ciclo curto e o setor de óleo e gás. Mirando o futuro, o principal ponto de atenção é quanto a macroeconomia global, com o diretor afirmando ter percebido uma oscilação na entrada de pedidos em alguns países da Europa.
“Não é algo que preocupe tanto no curto prazo e as perspectivas seguem positivas para os próximos trimestres”, tranquiliza, descartando a possibilidade de aferir uma desaceleração no ritmo de crescimento. “Temos uma carteira que conseguimos ver a 4 meses à frente e os feedbacks dos principais O&Ms da Europa são relativamente positivos”, complementa, rogando atenção nos próximos meses com o desenrolar da Guerra na Ucrânia e os possíveis efeitos sobre os mercados.
Ademais, o dirigente informou que o mercado europeu responde por 15% do faturamento da multinacional catarinense, com grande parte dos produtos entregues no velho continente sendo produzida no Brasil ou na China. Vale lembrar que a Weg possui operações em Portugal, Áustria e outras de nicho na Espanha, Alemanha e agora na Itália, a partir da aquisição da Gefran, mas todas com representatividade pequena perto do parque fabril nacional.
Quanto as margens operacionais, o diretor Administrativo Financeiro, André Luís Rodrigues, relatou o efeito positivo da redução na pressão dos custos das matérias-primas, vislumbrando a estabilização mais à frente e que deve fazer as margens voltarem aos patamares estruturais da companhia.
“Conseguimos fazer algumas recomposições de preço em equipamentos de ciclo curto e longo nesse ano, estabilizando a questão de estrutura de custo com materiais”, pontua o executivo, ressaltando que esses segmentos tiveram representatividade de 63% e 36% no resultado consolidado da multinacional.
Ele pondera também que, embora os custos de materiais estejam sofrendo menor pressão, o frete internacional e gastos com pessoal e energia seguem elevados. “Vamos avaliar possíveis ajustes nos preços caso a caso e à medida que esses fatores forem normalizados”, completa.
Outro ponto de atenção abordado por Rodrigues é de um aumento de preço e dificuldade no fornecimento de alguns aços especiais, como aqueles utilizados no núcleo de transformadores, mas ao final confirma que a expectativa é para melhora desse quadro de incertezas quanto a logística, e que fez a companhia aumentar seus estoques no ano passado.