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A vitória de Luís Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial contra Jair Bolsonaro (PL) trouxe boas perspectivas para associações do setor procuradas pela Agência CanalEnergia. Mostrando-se otimista com o futuro, a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Élbia Gannoum, lembrou que o governo Lula foi o que implantou o Proinfa e realizou o primeiro leilão de eólicas. Segundo ela, o eleito e sua equipe já conhecem a temática do clima e da transição energética. No discurso de ontem, com seguidas citações ao meio ambiente, teria ficado subentendido que esses temas receberão uma atenção especial. Para a presidente da associação, o uso da expressão crescimento econômico e social com sustentabilidade, dá a ideia que o governo vai trabalhar com as energias renováveis, se posicionando como líder nesses processos.
“Ficou muito claro no discurso e pela assessoria que tem. Essas pessoas têm esse mesmo discurso, pensando em clima e transição energética”, ressalta. A fala de Lula estaria em sintonia com a da associação durante o Brazil Windpower 2022. Na ocasião, foi frisado por Élbia Gannoum que as oportunidades para a fonte não poderiam ser perdidas e que se antes a economia determinava o investimento em energia, hoje o investimento em energia é um fator determinante do crescimento econômico global.
Ela não acredita que o PL 414, que moderniza o setor, vá avançar este ano, já que o período de transição é considerado politicamente difícil para a aprovação. A aposta dela seria em uma minirreforma no ano que vem que abraçaria temas como contratos legados e separação de lastro e energia. Sobre a eólica offshore, que recentemente teve regras e diretrizes complementares publicadas em decreto, a presidente da associação revelou que pretende trabalhar com o governo de transição para que se confirme a realização do primeiro leilão de cessão do uso de área no ano que vem, como vinha sendo esperado pelo setor.
Para o presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída, Guilherme Chrispim, a avaliação quanto ao cenário a médio e longo prazo é muito positiva. Ele lembrou da criação da Resolução 482/ 2012, que trouxe as bases para a GD no Brasil. A RN foi criada durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, por mais que a norma tenha sido originada na Aneel – órgão independente – o então governo apoiou a resolução.
Chrispim lembra que a GD é uma alternativa democrática e social de geração de emprego e renda, o que pensa ir ao encontro das diretrizes do novo governo. Para ele, a GD cumpre bem esse papel, podendo ser uma importante alternativa no setor em franco crescimento.
Uma eventual retomada do programa habitacional ‘Minha Casa, Minha Vida’ poderia contar com GD para Chrispim, isso tornaria possível resolver ao mesmo tempo dois desafios enfrentados pelo Brasil: o déficit habitacional e o impacto financeiro do consumo de energia, em especial nas classes mais humildes. “Por todos esses motivos, temos uma perspectiva muito positiva quanto à geração distribuída para o próximo governo e nos colocamos à disposição desde já para colaborar”, disse.
Para a Associação Brasileira das Companhias de Energia, a vitória de Lula não deverá trazer grandes mudanças na orientação do setor. Segundo o presidente Alexei Vivan, a principal medida em curso no Congresso, o PL 414, está bastante maduro para ser votado e a associação vai continuar atenta a eventuais alterações. A ABCE também ressaltou a importância de evitar novos e reduzir os atuais subsídios, considerando-os como os verdadeiros vilões das contas de energia dos consumidores.
A Absolar recomendou que o próximo Governo inclua a fonte solar fotovoltaica como ferramenta estratégica para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do país. A medida possibilitaria a redução da conta de luz e ao mesmo tempo acelerar a transição energética a partir de tecnologias limpas e renováveis.
Ronaldo Koloszuk, Presidente do Conselho de Administração, diz que a associação pediu ainda atenção especial ao marco legal da geração renovável, considerando todos os seus benefícios. Segundo a Absolar, os prazos desta lei não estão sendo cumpridos pelas autoridades, fazendo-se necessária sua prorrogação em benefício da segurança jurídica, previsibilidade e estabilidade. “É preciso melhorar o planejamento da matriz elétrica brasileira e de sua infraestrutura de transmissão, ampliando o protagonismo da fonte solar, dado que a tecnologia é a mais competitiva e com menor preço-médio de energia elétrica nos leilões”, avalia Koloszuk.