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A Confederação Nacional da Indústria reuniu uma série de propostas que o setor produtivo considera relevantes nas discussões da conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que vai acontecer até 18 de novembro, no Egito. O documento Visão da Indústria para a COP27 destaca o avanço na criação do mercado global de carbono, na destinação de recursos para financiamento climático e na agenda de adaptação à mudança do clima.

O trabalho destaca como urgente a definição de uma estratégia por parte do Brasil para o melhor aproveitamento do novo mecanismo do mercado global de carbono. Também considera crucial a capacidade do país de se organizar internamente para implementar a NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês), que é o compromisso de redução das emissões assumido pelo governo brasileiro para, em conjunto com os demais países, limitar o aquecimento global a 1,5 °C . A meta brasileira passou de 43% para 50% até 2030.

A indústria cobra ainda a retomada dos trabalhos para o desenvolvimento do Plano Nacional de Adaptação e a manutenção do engajamento do Brasil nas discussões e negociações sobre financiamento climático, para garantir o aumento dos recursos destinados à mitigação e à adaptação para os países em desenvolvimento.

Na COP26, que aconteceu no ano passado em Glasgow, Escócia, não houve acordo para o cumprimento da promessa dos países desenvolvidos de canalizar US$ 100 bilhões por ano para as nações mais vulneráveis às mudanças climáticas e os países em desenvolvimento. Ficou estabelecido que antes de 2025 será estabelecida uma nova meta coletiva, de acordo com as necessidades e prioridades desses países.

Para a CNI, é preciso avançar em pontos fundamentais da agenda climática, principalmente em relação aos compromissos firmados em Glasgow. É o caso da neutralidade das emissões em 2050, da implementação da NDC brasileira, do compromisso global de redução em 30% na emissão de metano, na questão das florestas e do uso do solo e na antecipação da meta de zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028.

O gerente de Sustentabilidade da confederação, Davi Bomtempo, explica que a entidade já vem trabalhando com o governo, mas tem uma agenda própria, com tratamento dessas temáticas sob a ótica do setor industrial. Há um entendimento hoje, segundo ele, de que aquele momento em relação ao planejamento já passou, e agora medidas práticas tem que ser adotadas.

“O mercado de carbono é uma peça importante quando se fala em cumprimento de metas. Aquelas metas com que cada país se comprometeu”, afirmou Bomtempo à Agência CanalEnergia. Para o representante da CNI, é importante entender que esse mercado é parte de um conjunto de ações que envolvem investimento em renováveis, redução de combustíveis fósseis e combate ao desmatamento ilegal.

A entidade considera que o projeto de lei que institui o mercado brasileiro de carbono já é uma proposta madura, que pode ser votada com algumas adaptações ainda a serem feitas. A proposta de autoria do deputado Marcelo Ramos tramita na Câmara do Deputados.

O documento com sugestões para a COP27 foi elaborado por um grupo de trabalho e validado por mais de 70 instituições que formam a Rede Clima da Indústria Brasileira. Entre essas entidades estão federações e associações de indústrias, o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico e a Associação Brasileira do Biogás.