A CPFL está preocupada com o avanço da geração distribuída em sua área de concessão. O aumento está sendo maior que o esperado e a companhia consegue já mensurar o impacto nas vendas de energia. No acumulado do ano houve uma redução de 1,4% com a expansão da geração própria, somente por classe de consumo, no residencial esse índice é de 2,3% e no comercial de 2,4%. A estimativa é de que 6% da carga em 2022 esteja em geração distribuída.
No ano a queda de consumo no segmento residencial é de 1,3% quando comparado a 2021. Entre os itens que influenciaram a GD é a que mais impactou esse comportamento. O efeito calendário teve efeito de redução em 0,5%, a temperatura elevou a carga em 1%. No comercial, o crescimento foi de 7%, sendo os fatores macro e outros responsáveis pelo impacto de 8,5%.
Segundo o CEO da CPFL Energia, Gustavo Estrella, esse ano a empresa está vivenciando uma verdadeira explosão no volume de pedidos de conexão. Ele afirmou em teleconferência com analistas e investidores que mensalmente são 17 mil pedidos de ligações.
“Devemos fechar o ano de 2022 com 6% da carga cativa vindo de GD. É realmente um volume elevado e jamais imaginaríamos que seria um crescimento tão rápido e em tão curto espaço de tempo”, indicou.
Essa expansão acelerada tem causado apreensão dentro da empresa uma vez que os impactos para os consumidores que ficam na rede estão aumentando. Ainda mais com a discussão sobre a postergação do prazo para a concessão do subsídio.
“O principal subsídio que é para o baixa renda em 2023 que alcança cerca de 15 milhões de clientes é estimado em algo como R$ 3,4 bilhões, já a nossa expectativa hoje é de que o subsídio para quase 1,4 milhão de conexões em GD é de R$ 5,5 bilhões”, comparou Estrella.
Em sua análise, esses números mostram que a diferença é muito grande e a concessão de subsídios para GD alcança um número menor de consumidores com um valor muito mais elevado e que são de alta renda, pois podem efetuar o investimento.
“Se houver a postergação do prazo o valor será muito mais elevado para a GD e está claro que é a tendência natural o aumento dessa geração, que acontecerá e é importante para a matriz elétrica nacional. Mas essa modalidade tem condições de crescer e expandir sem depender de subsídios que recaem para os clientes cativos sem recursos para colocar esse equipamento”, analisou.
Investimentos e Resultados
A CPFL Energia apontou que o aporte de mais de R$ 4 bilhões efetuado até setembro é o maior que a empresa realizou até hoje em um ano. Na comparação com 2021 a alta é de 57,4%. O segmento de distribuição é o destino de 86% desses valores. Transmissão vem com 10%, 4% em geração e 1% em comercialização e serviços.
Em transmissão, Estrella disse que a empresa vê algumas boas oportunidades nos próximos leilões e que a companhia participará destes certames.
A companhia reportou um lucro líquido de R$ 1,42 bilhão no terceiro trimestre de 2022, queda de 1,2% no período, afetado pela elevação do CDI, que impacta o custo da dívida da empresa. No ano os ganhos da empresa somam R$ 3,8 bilhões, alta de 9,1%.
O resultado Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no trimestre somou R$ 3 bilhões, crescimento de 14,3% sobre o terceiro trimestre do ano passado. No ano a alta é de 27,8% com R$ 8,5 bilhões.
O crescimento trimestral, explicou a empresa, deve-se aos bons resultados do segmento de Transmissão de energia com a aquisição da CPFL Transmissão. Já o segmento de Geração sofreu impacto da menor geração eólica, que foi compensado pelo menor risco hidrológico (GSF), ambos devido ao maior volume de chuvas no trimestre, e pelo efeito positivo dos reajustes contratuais.
Na Distribuição, destaque para a queda na inadimplência, com redução de 43,3% da Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) na comparação com o terceiro trimestre do ano passado.
A dívida líquida da companhia soma R$ 22 bilhões, alta de 37,7% ante mesmo período do ano passado. Contudo a alavancagem da empresa, medida pela relação ente a dívida líquida sobre o ebitda aumentou 8,9%, passando de 1,77 vez para 1,92 vez.