A viabilidade de muitos projetos do setor elétrico, muitas vezes passa pelo seu seguro. Segundo a Allianz Global Corporate & Specialty, a complexidade dos projetos pede grande capacidade técnica e de investimentos para serem implementados, o que pode levar a uma procura por um seguro específico. Produtos para energia verde ainda enfrentam alguns desafios, como a rapidez do desenvolvimento tecnológico, além de viabilidades financeiras e logísticas, que precisam ser contempladas.
De acordo com Patricia Marzullo, diretora de Energia & Construção para América Latina na AGCS, as fontes renováveis ainda representam um desafio para as seguradoras. Para exemplificar isso, ela cita o caso da energia eólica, que traz preocupações com relação à evolução da potência dos aerogeradores, além dos riscos intrínsecos da construção e operação dos parques eólicos.
Dados apresentados pela AGCS, nos últimos 20 meses, apontam que a operação de resseguro América Latina entrou, somente na região, em onze novos projetos de parques eólicos, oito estão com modelos diferentes de turbinas e cinco possuem novas tecnologias, consideradas protótipos, que ainda não possuem experiência em operação. Nos últimos 10 anos, a potência das máquinas onshore triplicou, passando de 2 MW para 6 MW, podendo o conjunto ter altura de mais de 250 metros.
Entre os pontos que merecem atenção estão a preocupação com a reposição de equipamentos e planos de contingência, o que evita a parada do parque ou a diminuição na entrega de energia; planos de drenagem e fundações; exposição a riscos da natureza, principalmente nesta era de significativas mudanças climáticas; e o ambiente extremamente adverso como o marinho, sujeito a correntes marítimas, ventos e tempestades, para os parques eólicos offshore.
Segundo a diretora, tem se verificado no mercado que a substituição de um transformador de alta potência, peça crítica para os parques eólicos, pode demorar de 20 a 24 meses e com isso impossibilitar o escoamento de sua energia para a rede. Contudo, a AGCS também destaca o desenvolvimento de outras novas tecnologias, como o caso do hidrogênio verde, que está sendo considerado o “óleo verde do século 21”. Internacionalmente, a tecnologia tem recebido investimentos, mas também está sendo um desafio para as seguradoras e resseguradoras, que estão buscando soluções de cobertura, uma vez que compreende riscos de produção, armazenamento e transporte.