Os países em desenvolvimento estão elevando suas atenções em termos de políticas para o desenvolvimento de energia limpa. Essa é a constatação do BloombergNEF (BNEF) na última edição de sua pesquisa anual Climatescope. Mais de nove em cada dez países em desenvolvimento assumiram compromissos públicos para instalar e consumir certos volumes de energia renovável com prazos específicos.
De acordo com o relatório, isso representa um aumento de 82% sobre o ano anterior. As possíveis razões para a mudança, avalia a empresa, podem incluir o desejo de demonstrar progresso antes das negociações climáticas globais da COP27, busca pela segurança energética em meio ao aumento dos preços dos combustíveis fósseis, temores sobre as mudanças climáticas ou, simplesmente, o apelo de construir energias renováveis porque são acessíveis.
Em relação às metas de energia limpa de longo prazo nesses mercados, aponta a BNEF, elas só podem ser alcançadas se os formuladores de políticas adotarem ações de implementação concomitantes. Nessa frente, o Climatescope oferece alguns sinais promissores de progresso. Nada menos que 56% dos mercados emergentes agora têm políticas para realizar leilões reversos para contratos de fornecimento de energia limpa, contra 49% no ano passado.
“A popularidade da medição líquida também cresceu, com tais políticas em vigor em 53% dos mercados emergentes em 2022, em comparação com 49% no ano passado. Além disso, 30% dos mercados emergentes estabeleceram tarifas feed-in, aumentando de 27% em 2021”, aponta a empresa em comunicado sobre o relatório.
E ainda diz que a lacuna entre as metas de longo prazo e as políticas de implementação de curto prazo sugere que os formuladores de políticas têm um trabalho substancial pela frente.
Na análise de Sofia Maia, gerente de projeto do Climatescope, sem regulamentações de apoio, a implementação de políticas por si só não pode garantir que um país atraia a quantidade de investimento necessária para iniciar sua transição energética. Ela cita que entre as 15 nações desenvolvidas e emergentes que terminaram na parte inferior da tabela de pontuação da política de energia, apenas uma conseguiu garantir mais de US$ 2 bilhões em investimentos em energia limpa de 2017 a 2021.
A análise de energia limpa do Climatescope também inclui dados sobre tendências de investimento e implantação de energias renováveis. Para 2022, o Chile foi o mercado emergente com maior pontuação na pesquisa, seguido por Índia, China Continental, Colômbia e Croácia, nessa ordem. A edição de 2022 marca seu 11º ano de publicação. O projeto inclui informações detalhadas sobre 136 mercados globalmente, ou seja, 107 mercados emergentes e 29 países desenvolvidos.