O segmento de energia vem atraindo investimentos para o litoral do Rio de Janeiro, mais especificamente no Porto do Açu. A Prumo Logística controladora do porto e a Porto do Açu, divulgaram, nesta quinta-feira, 17 de novembro, dois acordos para o desenvolvimento desse segmento por lá que já conta com o complexo térmico GNA. Dessa vez o foco são as energias renováveis tendo como foco a economia de baixo carbono.
O primeiro desses acordos foi divulgado logo pela manhã, com a TotalEnergies. As empresas assinaram um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) para estudos que visam a instalação de bases de apoio logístico no Açu para apoiar projetos eólicos que venham a ser desenvolvidos pela multinacional francesa na costa do empreendimento portuário.
No escopo do acordo, a TotalEnergies desenvolverá por até dois anos estudos de viabilidade para a implantação de parques eólicos em alto-mar com até 3GW de potência no Estado do Rio de janeiro. Assim utilizaria o Porto do Açu como hub logístico em todas as fases do projeto, como base de apoio para construção, na fase de instalação e de operação dos projetos eólicos offshore.
A TotalEnergies possui um portfólio global em desenvolvimento com capacidade total de mais de 12 GW somente na fonte offshore. No Brasil, a empresa apresentou neste ano ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) um pedido de licenciamento de três projetos eólicos offshore com capacidade total de 9 GW. Como uma empresa multienergética, a expansão das atividades no segmento eólico offshore está em linha com a estratégia de alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e com o compromisso de investir a longo prazo no país.
O CEO da Prumo Logística, Rogério Zampronha, lembra que esse acordo é mais um que se soma a acordos anteriores com a Iberdrola, Shell, Equinor e EDF. E que há cerca de 30 GW em projetos eólicos na frente do empreendimento, um dos maiores clusters de desenvolvimento assim como no Nordeste e no Sul do país.
José Firmo, CEO do Porto do Açu, lembra que esse potencial eólico está a uma distância de cerca de 20 quilômetros do porto, o que traz uma grande vantagem logística. E esse é um dos pontos que ele destaca nas ambições do Porto do Açu. E nesse sentido, a meta é de transformar o empreendimento que possui uma vasta área disponível para uso em um hub para a economia de baixo carbono.
O Porto do Açu é o ponto do litoral do Rio de Janeiro onde foi registrada a maior velocidade do vento e capacidade de instalação de eólicas offshore. A região já conta com 33GW de projetos dessa natureza em licenciamento no Ibama. O porto já possui memorandos assinados também para o desenvolvimento de plantas para hidrogênio verde e energia fotovoltaica. Este ano anunciou outras parcerias com players globais e a ideia é que estes projetos sejam desenvolvidos de forma simultânea, aproveitando a expertise e infraestrutura existente no Açu, além da projeção de demanda da região Sudeste por energia.
“Eólica offshore é uma oportunidade incrível para o Brasil ter aço com zero carbono. Hoje temos aço no modelo tradicional, mas podemos trazer mais valor agregado para esse produto ao promover a produção de hidrogênio verde ao invés de sermos apenas exportadores de amônia, ou seja, commodity”, disse Firmo.
E é nesse caminho que a empresa anunciou o segundo acordo, assinado nesta tarde, efetivado com a Comerc Energia por meio da sua subsidiária a Comerc Eficiência. No foco está o desenvolvimento de projetos industriais verdes baseados em hidrogênio no empreendimento, no Rio de Janeiro. No momento, a ideia é de desenvolver um estudo de viabilidade do projeto e delinear o modelo de negócio. Essa fase deverá levar seis meses e o resultado será divulgado em meados de 2023. Somente a partir daí é que se terá uma ideia mais clara da participação de cada uma das empresas nesse processo.
O objetivo é a instalação de uma planta de hidrogênio verde no complexo portuário que, segundo Firmo, deverá envolver no futuro outros participantes desse mercado. Atualmente, a empresa aponta ter 2,4 GW de fontes renováveis em sua região. Ao todo contabiliza 20 empresas instaladas em sua área.
“Temos visto um avanço grande por hidrogênio no país, o que nos chamou a atenção é a visão diferente do que apenas a exportação, a posição geográfica e a vantagem em renováveis para soluções em hidrogênio que não se resume a exportação e sim explorar oportunidade de transformar esse insumo em vantagem para produtos verdes e ai sim a exportação e ou o mercado doméstico”, comentou o co-CEO da Comerc, André Dorf.
Firmo lembra que a ambição é a de criar um ecossistema que não depende de solução e sim ter um hub onde as diferentes fontes de energia estejam disponíveis para um sistema resiliente. Ele cita além do hub de hidrogênio, o biogás, a biomassa, eólica offshore, a térmica a gás da GNA que já está em operação na região. E diz que a meta é a revolução da energia ao ter essa disponibilidade no local.
Hoje o Porto do Açu tem 50% de área ocupada na parte chamada de molhada e apenas 15% da retroárea, ou a área seca o que em sua visão indica a capacidade de expansão na atração de novas indústrias para a região.
Mauro Andrade, diretor de Novos Negócios da Prumo, lembra que o MoU com a Comerc visa nesse momento entender os números sobre o projeto e qual a competitividade do hidrogênio verde chegará. “A Comerc chega com a expertise em comercialização e de olhar os offtakers, é um ecossistema, não será apenas uma ou duas empresas nesse processo e sim um número grande de participantes e precisamos de montar a peças desse quebra cabeça”, finalizou.