A pesquisa anual “Opinião sobre o Setor Elétrico”, realizada pelo Datafolha para a Associação Brasileira de Comercialização de Energia, mostrou que 8 entre cada 10 brasileiros querem ter o direito de escolher o fornecedor de energia elétrica. Foram ouvidas 2.088 pessoas em 130 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

No geral, oito em cada 10 brasileiros gostariam de poder escolher a empresa que oferece energia elétrica, tendo direito a fazer a portabilidade da conta de luz, assim como já acontece com a operadora de telefone celular. O desejo segue em patamar elevado em todas as segmentações de renda, escolaridade e classe social, até mesmo entre os mais idosos e menos favorecidos.

A pesquisa mostra ainda que dois em cada três brasileiros gostariam de poder comprar energia de diversos fornecedores até o fim deste governo. Este desejo é ainda maior quando o prazo para ter liberdade de escolha se estende para o próximo governo. Nesse caso, 73% dos brasileiros gostariam de poder comprar energia de diversos fornecedores diferentes.

Entre os brasileiros acima de 60 anos e entre aqueles que compõem as classes D e E da população, 7 em cada 10 gostariam de escolher o fornecedor, um patamar elevado e pouco distante das outras faixas de idade (8 em cada 10 brasileiros com idade entre 16 e 59 anos) e renda (9 em cada 10 na classe A/B e 8 em cada 10 na classe C). Mesmo entre aqueles com menor nível de escolaridade (ensino fundamental), renda familiar (menos que um salário-mínimo) e ocupação (brasileiros fora da população economicamente ativa), 7 em cada 10 brasileiros querem ter o direito de trocar de fornecedor de energia elétrica.

Para Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Abraceel, fazemos escolhas todos os dias, o que independe de classe social e renda. Segundo ele, com energia, o caminho é também poder fazer escolhas e haverá um forte e-commerce para isso, porém também existirão lojas físicas com atendentes e suporte para escolha de produtos. Ele conta que a escolha já é feita em mais de 36 países.

Caso a portabilidade da conta de luz pudesse ser efetivada no Brasil, a expectativa é obter preços mais baixos. Mais da metade dos brasileiros (54%) acredita que o preço da energia elétrica tende a diminuir– o restante considera que o preço não vai mudar (22%) ou vai aumentar (20%). 4% não opinaram.

A expectativa de obter preços mais vantajosos se espalha indiferentemente à renda, à escolaridade e à classe social. Entre os que têm mais de 60 anos, estudaram o ensino fundamental, pertencem às classes D/E, ganham até um salário-mínimo e não pertencem à população economicamente ativa, 5 entre cada 10 brasileiros esperam que o preço da energia vai diminuir com a possibilidade de trocar a empresa fornecedora.

Caso a possibilidade de escolher o fornecedor de energia elétrica fosse implantada de forma ampla e universal no Brasil, 7 em cada 10 brasileiros exerceriam o direito e trocariam de empresa, motivados pelo preço (63%), busca por fontes renováveis (20%) ou qualidade no atendimento (16%). Avaliando os dados de forma estratificada, mais da metade dos brasileiros mais idosos e menos favorecidos decidiriam por novas empresas fornecedoras, mesmo que em menor intensidade que os mais jovens e ricos.

A pesquisa também questionou os entrevistados sobre a responsabilidade pelo preço da energia elétrica. Para 69% dos brasileiros, deputados federais e senadores são os principais culpados pela elevação nos preços da eletricidade nos últimos anos.

A escalada das tarifas de energia elétrica nos últimos anos causou estragos na gestão do orçamento familiar dos brasileiros, com redução do consumo relacionado ao bem-estar. Entre os entrevistados, 85% passaram a economizar energia elétrica nos últimos 12 meses para reduzir o valor da conta de luz, 72% deixaram de comprar itens que consumiam para pagar a conta de luz e 44% deixaram de pagar alguma conta de consumo elétrico no último ano.