Levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica mostra desaceleração no ritmo de crescimento do ambiente livre. De acordo com a CCEE, entre janeiro e setembro deste ano, migraram para o mercado livre 3.064 unidades consumidoras, uma redução de 24% na comparação com o mesmo período de 2021 e um declínio de 17% frente a 2020.

A CCEE identificou que as cargas que têm optado por sair do segmento das distribuidoras estão cada vez menores, aproximando-se ou mesmo ficando abaixo do limite mínimo de 500 kW de demanda contratada, previsto nas regras atuais do setor. Isso faz com que um número crescente de empresas tenha que fazer uma comunhão, ou seja, reunir várias lojas ou fábricas que compartilhem de um mesmo CNPJ ou estejam no mesmo terreno para poderem atingir as exigências regulatórias atuais.

A migração mais intensa de grupos de pequeno e médio porte, em oposição às grandes redes industriais e de varejo que eram os principais interessados no mercado livre, traz uma série de complexidades para o processo. O presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri, destaca a importância do comercializador varejista nesse cenário, figura criada para fazer a gestão dos contratos e dos riscos desse novo público no ambiente. Hoje, já existem 53 habilitadas para atuar na categoria, mas ainda falta uma base consistente de clientes.

Segundo Altieri, é um momento de extrema importância, em que já há uma proposta de cronograma para a liberalização para todos os brasileiros até 2028. Ele lembra que o Ministério de Minas e Energia colocou os prazos para serem debatidos pela sociedade em uma Consulta Pública e determinou que os consumidores menores serão atendidos pelo varejista, que é quem conhece o setor elétrico a fundo e poderá dar todo o apoio para sua operação.

No caso da geração distribuída, a Câmara de Comercialização aponta a necessidade de que sejam aprimoradas as regras atuais, para que quem já tem equipamentos solares fotovoltaicos em sua casa ou seu negócio possa também ter o mercado livre como uma alternativa. Hoje, a regulação não permite a migração das unidades que participam do sistema de compensação com as distribuidoras, que são aquelas que entregam a energia própria produzida para a rede elétrica e ganham créditos.

De acordo com Altieri, existem mais de 60 mil cargas nessa situação só entre os clientes da alta tensão, no chamado grupo A. Segundo ele, é preciso em conjunto com todos os órgãos do setor, estudar a melhor maneira de acomodar as necessidades desse grupo. Para o presidente do conselho da CCEE, é importante retomar o debate sobre a possibilidade da venda de excedentes da geração solar no ambiente livre.