O hidrogênio verde (H2V) vem ganhando posição de destaque no setor elétrico por ser uma tendência mundial para solucionar desafios relacionados à descarbonização. A potencial competitividade do Brasil na produção do hidrogênio verde e seus derivados vem crescendo, tanto do ponto de vista do governo, como dos agentes privados. Existem muitas expectativas com o H2V, mas quais são os setores que devem ser mais viáveis para introdução do H2V?

Segundo Eduardo Tobias, Coordenador da Força-Tarefa de Hidrogênio Verde da Absolar, substituir o fóssil pelo renovável é o caminho mais imediato, e é onde tende a ser mais competitivo. “O hidrogênio é um gás, incolor, todos esses “rótulos” e cores que estão sendo dadas é para identificar as diferentes formas tecnológicas e fontes de energia que estão sendo usadas para produzir”, destacou Tobias durante o Encontro Nacional da Absolar, que aconteceu na última quinta-feira, 08 de dezembro.

Atualmente existem projetos pilotos em desenvolvimento no Brasil que já estão em operação, que são Itaipu, Cesp e Furnas, com projetos de P&D utilizando energia fotovoltaicas com o foco de usar o hidrogênio para armazenamento de energia elétrica de longo prazo. “Faz o hidrogênio, mantêm ele por um tempo e transforma novamente em eletricidade. Isso tem se mostrado com uma aplicação não muito eficiente, porque o nível de perdas é muito grande nesse processo de transforma, volta, e assim por diante”, ressaltou Tobias.

Nesta semana está previsto entrar em operação o projeto de 1 MW da EDP no Porto Pecém, dentro de uma termelétrica de 700 MW à carvão, onde o hidrogênio verde será aplicado no processo da UTE, com projeto 100% fotovoltaica. Toda essa movimentação foi ativada pela urgência da transição energética, mas também é motivado pela orientação do CNPE, para priorizar o uso de verba de P&D na investigação de universos extremos e o hidrogênio verde encabeçou a lista em março de 2021.

Para Cayo Moraes, Gestor Executivo na EDP, porque o hidrogênio e porque agora? Atingir a meta de redução de carbono estipulado no Acordo de Paris é um desafio gigantesco, pois será preciso tirar praticamente 90% do carvão da matriz energética mundial, 65% de petróleo e 45% de gás. “O H2V tem a capacidade de reduzir esse consumo de energia de fontes primárias, ou seja, se eu tenho o hidrogênio produzido por eletrólise alimentadas energeticamente por recursos renováveis, eu movimentei uma commodities que pode basicamente atuar em diversas cadeias industriais”, destacou.

“O Brasil conta com um Sistema Interligado Nacional de baixo carbono, com uma indústria doméstica capaz de iniciar essa transição e absorver todo esse hidrogênio verde e seus derivados a médio e longo prazo, com variedades de fontes renováveis, sem contar uma posição estratégica, que permite todos esses investimentos e perspectivas”, finalizou Moraes.